Apesar de temporada de verão e férias, estrutura de postos de guarda-vidas no Grande Recife é precária

Promessa de melhoria é antiga e histórico é preocupante: só em 2024, o Corpo de Bombeiros atendeu, em todo o Estado, 127 casos de afogamentos

Publicado em 10/01/2025 às 12:48 | Atualizado em 10/01/2025 às 17:21
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Estrutura precária, postos vazios e insegurança. Apesar dos casos conhecidos de ataques de tubarão e afogamentos, as praias de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Boa Viagem e Pina, na Zona Sul do Recife, carecem de condições estruturais para os serviços de salva-vidas para a população.

A temporada de verão e férias escolares aumenta o movimento na orla, mas ainda não há garantia de segurança e rápido salvamento na região.

Há dois anos, o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, que age por meio do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar), afirmou estar estudando uma nova estratégia para o efetivo que trabalha nas praias, principalmente em Boa Viagem.

Porém, o cenário atual é de abandono: os postos de guarda-vidas estão degradados ou desocupados, apenas com a função de fazer sombra para alguns banhistas e com placas de madeiras usadas como remendos para tapar janelas.

Em frente à Igrejinha de Piedade, ponto mais crítico dos incidentes com tubarões no estado, por exemplo, o posto não contava com equipe.

Junior Souza/JC Imagem
Igrejinha de Piedade é ponto mais crítico de incidentes com tubarões em Pernambuco - Junior Souza/JC Imagem

Na última terça-feira, 7 de janeiro, nossa equipe percorreu a extensão da orla entre Piedade e o Pina e encontrou apenas um dos postos com bombeiros.

Corpo de Bombeiros afirma que ativação os postos é revista periodicamente

Procurado pelo JC, o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) informou que realiza trabalho de prevenção de incidentes nas praias de Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes durante todo o ano, incluindo ações educativas, reforço de guarda-vidas e utilização de embarcações, diminuindo o tempo resposta em caso de ocorrências.

Balanço da corporação aponta que, em 2024, foram registradas 291.138 intervenções nas praias do Estado, que englobam orientações, retirada de banhistas de áreas impróprias para banho e salvamento de pessoas que estavam se afogamento. O Corpo de Bombeiros destacou que de 135 casos de afogamento registrados no ano passado, 123 pessoas foram salvas.

Por meio de nota, o CBMPE disse ainda que a distribuição dos guarda-vidas é realizada de forma estratégica, levando em conta as estatísticas de ocorrências. "Durante o período de férias, com o aumento do fluxo nas praias, há um incremento de 50% dos guarda-vidas nos finais de semana, aumentando a cobertura na orla da RMR", pontuou.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a ativação dos postos é revista periodicamente, com base nas últimas ocorrências. A corporação reforçou que "o processo de revitalização desses equipamentos está dentro do planejamento estratégico do CBMPE".

Já as embarcações são utilizadas pelos militares para dar mais agilidade às intervenções e atendimentos feitos pelos guarda-vidas. As patrulhas ocorrem em momentos específicos do dia, "garantindo a segurança dos banhistas nas áreas de maior vulnerabilidade".

"O CBMPE reforça seu compromisso com a segurança nas praias, promovendo ações educativas durante todo o ano. Essas campanhas visam conscientizar a população sobre os cuidados necessários ao frequentar o litoral. Os banhistas são orientados a permanecer em áreas supervisionadas por guarda-vidas e a seguir as sinalizações de segurança para garantir um lazer mais seguro", finaliza o texto.

Promessa antiga e histórico preocupante

Em 2013, seis estruturas fixas de guarda-vidas foram instaladas na orla de Boa Viagem, parte do Projeto Orla Segura, lançado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB). Com investimento de R$ 4 milhões, a iniciativa previa a prevenção de crimes, acidentes, afogamentos e eventuais ataques de tubarões.

O plano era que, durante o dia, eles fossem ocupados por bombeiros e, à noite, pela Polícia Militar ou Guarda Municipal.

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Apesar da temporada de verão e férias, nossa equipe encontrou apenas um posto ocupado - Junior Souza/JC Imagem

A promessa é antiga e o histórico é preocupante. Só em 2024, o Corpo de Bombeiros atendeu, em todo o estado de Pernambuco, 135 casos de afogamentos. Os registros aconteceram em praias como Boa Viagem, Maria Farinha, Bairro Novo, Cupe e Paiva.

Investimento em sinalização

Até o fim de janeiro, a orla do Grande Recife vai ganhar um investimento em sinalização. O Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) anunciou que vai substituir as 150 placas de alerta de riscos de incidentes com tubarões instaladas na área.

A sinalização está sendo reposta desde dezembro em um trecho de 33 km, que vai da Praia do Farol, em Olinda, até a Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, abrangendo a área identificada pelo Cemit como de atenção para banhistas. De acordo com o decreto estadual 21.402/1999, nesta área é proibida a prática de atividades náuticas, como o surfe.

Tarciso Augusto/Semas
Imagem de placa de alerta de risco de tubarão, Placas de alerta de risco de tubarões na orla do Grande Recife são substituídas pelo CEMIT - Tarciso Augusto/Semas

As placas são numeradas e bilíngues, com o telefone 193, do Corpo de Bombeiros, para emergências, alertas sobre quedas bruscas, correntes intensas e rochas submersas, além de desestimular o banho de mar em condições como mar aberto, maré alta, águas profundas ou turvas. A sinalização também recomenda cautela caso o banhista esteja sozinho ou sob efeito de álcool.

Para o Cemit, é importante que a população se sensibilize quanto à conservação das placas em bom estado, pois os casos de vandalismo, depredação e roubo desses itens prejudicam os banhistas.

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