PM vai fazer policiamento no Metrô do Recife e tentar colocar ordem no sistema

Roberta Soares
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Publicado em 15/01/2020 às 6:00 | Atualizado em 02/03/2022 às 11:35
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Esperança e expectativa de funcionários e passageiros é que a PM consiga organizar o metrô, dominado pelos ambulantes. Foto: Filipe Jordão/JC Imagem  

A insegurança e a desordem que transformaram o Metrô do Recife numa terra sem lei, com venda de todo tipo de produtos eletrônicos e os mais absurdos alimentos, pode estar perto do fim para alívio dos passageiros que estão tendo que bancar um aumento superior a 80% no valor da tarifa. Ou pelo menos próximo de ser amenizado. Isso porque a Polícia Militar de Pernambuco vai atuar nas estações e nos trens do sistema para combater a violência, garantir a segurança e o que os militares definem como ordem pública. Convênio entre o Comando da PMPE e a Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Pernambuco foi firmado e, segundo publicação do Diário Oficial da União, assinado no fim de dezembro do ano passado. O início da atuação dos PMs no interior do sistema metroferroviário metropolitano, inclusive, pode acontecer a qualquer momento.  

 

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A Secretaria de Defesa Social (SDS) confirmou que o convênio foi acertado, mas sustentou que ele estava sendo finalizado, embora o DOU traga a assinatura datada do dia 27 de dezembro de 2019. Sabe-se que serão policiais do Batalhão de Choque (BPChoque) que irão atuar no policiamento do metrô nos horários de folga, dentro do Programa de Jornadas Extras (PJEs) da SDS. A estimativa é de que sejam 75 policiais militares atuando no convênio, que custará R$ 300 mil mensais à CBTU. A estratégia é utilizar os PMs para impor respeito e garantir a ordem no sistema, inibindo os assaltos e, principalmente, a atuação dos ambulantes – que dominam as estações e os trens. A situação no sistema metroferroviário da Região Metropolitana do Recife (RMR) está tão crítica que é possível encontrar à venda nos vagões e estações de salame a empanado, passando por caranguejo vivo, vale ressaltar, até consolos sexuais.

 

AS MAZELAS DO METRÔ

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Fotos: Filipe Jordão/JC Imagem
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Segundo funcionários, PMs já estão circulando pelo metrô e se familiarizando com a operação e, principalmente, identificando os pontos vulneráveis do sistema. Têm feito o acompanhamento da central de monitoramento, de onde são acompanhadas os registros das 1.500 câmeras instaladas pela gestão do ex-superintendente do metrô, Leonardo Villar Beltrão, entre 2018 e 2019.    

 

“Estamos na expectativa e ela é grande porque o sistema está entregue com essa invasão de ambulantes. Além da desordem e da sujeira que eles promovem, muitos, infelizmente, praticam furtos e assaltos. A presença da PM no interior das estações e vagões será fundamental não só para os passageiros, mas também para os funcionários. Trabalhamos acuados, com medo de tudo, a toda hora”, desabafou um funcionário que atua no sistema de bloqueio do metrô, uma das áreas mais vulneráveis à violência do sistema.

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O convênio entre a CBTU e a PM foi assinado pela nova superintendente do Metrô do Recife, Renata Teti, e pelo comandante da PM, coronel Vanildo Maranhão. Era um projeto que vinha sendo costurado pelo metrô desde o início do ano passado, ainda na gestão de Beltrão. Seguirá os mesmos moldes do convênio feito entre a SDS e os Consórcios Conorte (consórcio que opera o Corredor de BRT Norte-Sul) e a MobiPE (que opera o BRT Leste-Oeste) para garantir o policiamento no Sistema BRT, que estava enfrentando diversos furtos de estrutura e assaltos – situação que foi amenizada com a chegada dos PMs de folga. No caso do convênio firmado para o BRT, O número de PMs disponibilizados para o policiamento também não foi informado pelo comando da segurança estadual, mas o convênio prevê um investimento diário de R$ 17 mil, o que equivale a aproximadamente R$ 527 mil por mês e permite ofertar mais de 80 policiais por dia, entre praças e oficiais. Desse total, R$ 377 mil são bancados pelo Estado, R$ 100 mil pelo Conorte e R$ 50 mil pela MobiPE.

 

Central de Monitoramento controla 1.300 câmeras. PMs já estão acompanhando a movimentação. Fotos: Roberta Soares
1 - Central de Monitoramento controla 1.300 câmeras. PMs já estão acompanhando a movimentação. Fotos: Roberta Soares
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Os PMs vão atuar num sistema que transporta 400 mil passageiros por dia, 100 milhões de passageiros por ano e deverão dar prioridade aos ramais elétricos do metrô, que são os dois ramais da Linha Centro (Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe) e a Linha Sul (que liga o Recife a Jaboatão pela altura do litoral). A Linha Diesel, onde opera o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) não será prioridade porque os problemas são concentrados na linha elétrica. No total, o Metrô do Recife tem 34 estações e 70 quilômetros de trilhos (37,75 km eletrificados) e 33,7 km não-eletrificados.

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