Réus da Tragédia no Arruda condenados a mais de 20 anos

Thiago Wagner
Publicado em 02/09/2015 às 22:28
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem


Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

Depois de um ano e quatro meses o caso da privada do Arruda finalmente tem o seu desfecho. Em julgamento de mais de 12 horas, realizado nesta quarta-feira (2), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, Centro do Recife, o júri popular optou pela condenação, em regime fechado, de Everton Felipe Santiago Santana, de Luiz Cabral de Araújo Neto, e de Waldir Pessoa Firmo Júnior. Everton pegou 28 anos e nove meses; Luiz, 25 anos, sete meses e 15 dias; e Waldir, 22 anos e seis meses. O responsável por definir esse período foi o juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques, que presidiu a sessão. Os três foram condenados por homicídio consumado, a morte de Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26, e por outras três tentativas de homicídio, pessoas que foram atingidas pelos estilhaços dos vasos sanitários.

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Relembre o caso

O soldador naval Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26, foi morto no dia 2 de maio de 2014 depois de ser atingido por uma privada jogada de dentro do estádio do Arruda, após a partida entre Santa Cruz e Paraná, pela Série B. Paulo morreu na hora e outras três pessoas foram atingidas por estilhaços. Dias após o ocorrido, Everton, Luiz Cabral e Waldir foram detidos pela Polícia Civil. Os três confessaram terem retirado e atirado os dois vasos do estádio. O caso ganhou repercussão internacional, principalmente pelo fato do Brasil ser o país-sede da Copa do Mundo.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

O julgamento

Por volta das 9h30 o julgamento começou com o sorteio das pessoas que iriam compor o corpo de jurados. Dos sete escolhidos para formar o conselho de sentença, cinco eram homens e duas mulheres. Feito isso, o juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques deu início à sessão apresentando a acusação do Ministério Público - um homicídio consumado e três tentativas de homicídio. Como os três réus optaram pelo direito do silêncio, o julgamento deu seguimento com o debate entre acusação e defesa.

A promotoria foi a primeira parte a falar. Sustentando a tese de que os três acusados tinham a intenção de atingir as pessoas que passavam no lado de fora do Arruda na hora em que as duas privadas foram jogadas, a acusação utilizou toda a manhã para apresentar a argumentação.

Para reforçar a hipótese, a promotoria mostrou vídeos simulando o caminho percorrido pelos réus após retirarem as privadas do estádio e atirarem em direção à rua. A distância de 100 metros e o esforço realizado para atirar os vasos serviriam como a prova da intenção, contrariando a teoria de que os vasos foram jogados como protesto contra o Santa Cruz. Além disso, a promotoria leu depoimentos dos três réus, da delegada responsável pelo inquérito, Gleide Ângelo, e das três pessoas atingidas por estilhaços da privada.

Durante a fala da promotoria, a mãe de Paulo Ricardo, Joelma Valdevino, passou mal e precisou ser atendida. Por prevenção, a família dela a levou para casa. O pai de Paulo, José Paulo Gomes, 58 anos, também esteve presente no julgamento.

No período da tarde a defesa se apresentou, utilizando aproximadamente duas horas e meia para falar. Os três advogados dos réus - Adelson José da Silva (Everton), Paulo Sales (Luiz Cabral) e José Rômulo (Waldir) - sustentaram a tese de que não era possível medir a intenção de alguém em matar ou não uma pessoa sem cair no campo do subjetivismo. O objetivo era transformar a acusação de homicídio doloso em culposo. Adelson ainda chegou a pedir pela absolvição de Everton alegando que ele não foi autor do crime apesar de ter participado do ato de arrancar a privada. O trio também tentou desclassificar as três tentativas de homicídio para lesões corporais.

Família comemorou a sentença. Foto: André Nery/JC Imagem

Antes da reunião dos jurados, houve mais um debate entre acusação e defesa por meio do direito de réplica e tréplica. A discussão ficou centrada novamente sobre a intenção ou não do homicídio e das três tentativas de homicídios. Durante esse período, a família de Paulo alegou à reportagem ter sido intimidada por membros da Inferno Coral. Por isso, foi pedido uma escolta na volta para casa.

Após as argumentações finais de promotoria e defensoria, o júri se reuniu para votar pela condenação ou absolvição dos réus. A votação foi secreta e durou aproximadamente uma hora. Ao todo, foram 72 perguntas respondidas pelo conselho de sentença. A decisão às 22h22.

O Sistema Jornal do Commercio acompanhou desde cedo o julgamento. Para acompanhar a cobertura, basta ir nas redes sociais os veículos do sistema ou procurar pela hashtag #TragédiaNoArruda.

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