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Milton Bivar, Umberto Louzer, dirigentes e jogadores: todos os culpados pela crise no Sport

Presidente renuncia ao cargo, treinador não é cobrado como deveria e jogadores sem atitude deixam o Leão desnorteado

Cadastrado por

Marcelo Cavalcante

Publicado em 28/06/2021 às 0:20 | Atualizado em 28/06/2021 às 0:21
Um turbilhão de coisas aconteceram na Ilha do Retiro desde a renúncia de Milton. - TIÃO SIQUEIRA/ JC IMAGEM

Momentos antes da bola rolar para a partida Sport x Cuiabá, os celulares dos repórteres que acompanham o dia a dia do Leão  receberam uma mensagem da assessoria de imprensa do Leão. Uma bomba: Patric estava afastado por ato de indisciplina. Uma surpresa em se tratando de um jogador que já foi capitão e exemplo para todos. Foi o segundo jogador afastado do elenco por ter tomado atitude fora de conduta. Antes, o jovem Mikael pisou na bola e foi punido. O que está acontecendo na Ilha do Retiro não há mistério algum: não há comandante. E se não há quem diga para onde ir, o barco vai para onde o vento levar.  E o Sport segue assim... à deriva, enquanto os dirigentes batem a cabeça, na briga pelo poder. 



Entre tantos responsáveis por essa situação do Sport, o principal deles está longe da Ilha do Retiro. E imagino que descansando e não está muito preocupado com o que acontece no clube. Afinal, sem a menor dor na consciência, apresentou uma carta à imprensa para justificar sua saída do Sport. É lamentável que, após tantos serviços prestados, Milton Bivar tenha renunciado o cargo após tanta briga para ganhar a última eleição. E o seu peso de responsabilidade é ainda maior pelo fato de que o time que está atuando nessa temporada, Milton foi o pilar por todas as contratações e renovação dos atletas que estão na Ilha do Retiro, inclusive foi o grande articulador pela vinda de Umberto Louzer.  Sem uma estrutura de trabalho bem definida, estava claro que um efeito dominó desnortearia a diretoria e, naturalmente, o Sport. 

Milton sabia da força política que tem seu nome. Esteve envolvido em grandes conquistas que colocou o Sport num status financeiro e estrutural mais elevado do que os rivais do Estado. Mas essa sua última gestão foi algo tão vergonhoso, de tanto desleixo com o clube que tudo foi manchado. O primeiro passo errado foi que, na metade de 2020, pediu licença. Voltou para ser candidato à reeleição somente depois que viu o seu grupo não ter uma liderança capaz de vencer a eleição e também porque o Sport conseguiu o milagre de se manter na Série A.  A partir daí, ficou à frente das negociações com atletas, fechou parceria com a torcida organizada, adiou a eleição até quando pode, venceu a tal eleição e, dois meses depois,  foi embora. Simples assim. 

Tudo isso mostra que o que está em jogo é o poder.  Puro e simplesmente o poder. O que importa é comandar um dos maiores clubes do Nordeste que agoniza numa gestão tosca, que comete erros e mais erros inimagináveis, que vive no século passado e, o pior , acredita mesmo que o Sport é um exemplo de modernidade. A primeira atitude dos dirigentes e conselheiros foi anunciar que a eleição seria realizada em 90 dias e de forma indireta. Uma proposta que foi derrubada na última reunião do conselho deliberativo. O que isso ajudou? Nada. Perda de tempo.  Inflamou ainda mais o clima entre as lideranças. O clube está sendo comandado interinamente por Pedro Lacerda, que por mais que sonhasse em ser presidente do executivo, não esperava e nem estava preparado para ver cair no seu colo o cargo de uma hora para outra.. 

No elenco, o clima é tão complicado, pesado e absurdo que um atacante como Toró, que sequer "chuviscou" bom futebol, não quis ficar no clube. Salários atrasados e desconfiança com aqueles que estão à frente do futebol. Sem exageros amigos, o caos está instalado na Ilha do Retiro. O Sport só vai ter novo presidente a partir do dia 15 de julho. E vai ter bate-chapa. Imaginem... jogos do Brasileirão rolando, a zona de rebaixamento já assustando, nada de salários e os dirigentes batendo boca na briga pelo poder. 

O empate diante do Cuiabá foi a prova clara de que o Sport não tem um bom ambiente e nem comando. Umberto Louzer pode ter a maior boa vontade do mundo em fazer o time jogar. Mas está completamente perdido. O treinador tem sim responsabilidade do futebol pobre, pelas escalações, pelas mudanças que faz durante os jogos e pela filosofia de jogo implantada, que não funciona. Mas já perdeu o comando do grupo faz tempo.

No jogo deste domingo, o Sport jogou como se estivesse fora de casa diante de um adversário que luta pelo título. Pelo fraco futebol, pela apatia e falta de atitude, o 0x0 diante do Cuiabá teve  sabor de vitória. Aí, pergunta-se: quem vai cobrar a Louzer uma nova postura da equipe se toda a diretoria está preocupada em se manter no clube. E segue sem presidente desde quando Milton Bivar disse tchau?

Para coroar a falta de comando do Leão, o meia Tiago Neves, ao ser entrevistado no intervalo da partida pelo canal Premiere, disse que a diretoria é quem deveria explicar o afastamento de Patric por um ato de indisciplina. E quem falou após o jogo? Umberto Louzer, que por sua vez, passou o pano. Tiago Neves está certíssimo.  Um assunto tão sério, pois não se trata de um jogador comum. Patric é líder do grupo, não tem histórico de indisciplina. Portanto, tem algo podre que precisa ser limpo.  Mas a diretoria rubro-negra, simplesmente, como já aconteceu em outros episódios, se esconde atrás de uma nota oficial. 

E o que esperar do Sport no Campeonato Brasileiro? 

Nada. Porque, até agora, o Leão só perdeu tempo, a visão e a mente...

E enquanto os bastidores da Ilha do Retiro parecem um inferno, os torcedores rubro-negro rezam para que os deuses do futebol salvem o time em campo.  

 

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