De Fábio a Luxemburgo, Ronaldo Fenômeno coleciona polêmicas no início da gestão no Cruzeiro; veja o resumo
Saídas de goleiro e treinador, além do diretor de futebol Alexandre Mattos foram as mais marcantes até aqui
A gestão de Ronaldo Fenômeno no Cruzeiro sequer completou 20 dias, mas já mostrou sua cara e personalidade e trouxe o que prometeu, mudanças. O "problema" é que algumas delas foram bastante polêmicas, como as saídas de Alexandre Mattos, Vanderlei Luxemburgo e Fábio, sendo a mais impactante a saída do goleiro e ídolo que estava no clube há 17 anos e iria completar 1000 jogos com a camisa celeste em 2022.
Relembre agora todos os capítulos dessa "nova saga" cruzeirense.
NOVO TETO SALARIAL E CORTE DE GASTOS
A primeira e mais ampla das mudanças de Ronaldo Fenômeno foi direto no que tem sido o maior problema do Cruzeiro desde 2019, dinheiro. Com dívidas estimadas que ultrapassam a casa do R$ 1 bilhão, assumidas solidariamente por Ronaldo, atuando como uma espécie de fiador, o clube se mostrou necessitado de uma revisão no orçamento e no planejamento para os próximos anos.
Atrelada à revisão de contratos, que promoveu saídas de jogadores, diretores e membros da comissão técnica, Ronaldo estabeleceu um teto salarial de R$ 600 mil para a folha do ano de 2022. Valor este que representa menos da metade do praticado pelo clube em 2021, onde o gasto girou em torno de R$ 1,6 milhão.
O valor é considerado baixo, mesmo para os padrões da Série B. O Sport, recém-rebaixado, por exemplo, teve sua folha estimada em R$ 2 milhões.
FÁBIO DEIXA O CLUBE E CRITICA GESTÃO DE RONALDO
Como dito na introdução deste texto, a saída de Fábio foi, certamente, a mais polêmica de todas as decisões tomadas pela nova gestão do Cruzeiro. Ainda na vigência da antiga diretoria, o goleiro de 41 anos havia renovado com o clube em novembro e terminou 2021 com 976 partidas disputadas pela Raposa, o que o deixaria na iminência de disputar mil jogos com a camisa do clube e marcar ainda mais seu nome em sua história.
Acontece que a gestão de Ronaldo considerou o salário do jogador, estimado, segundo informações do jornalista Jorge Nicola, em R$ 260 mil, alto e marcou reuniões com o goleiro para tratar de uma revisão contratual e readequação dos valores à nova realidade do clube, que ainda deve cerca de R$ 10 milhões ao agora ex-capitão.
Segundo o goleiro, não foi bem isso o que aconteceu. Em comunicado oficial divulgado em suas redes sociais, Fábio afirmou que aceitaria a tal redução salarial, mas que a proposta oferecida descartou até mesmo essa possibilidade, oferecendo-lhe apenas três meses de contrato, no intuito de realizar a despedida do jogador do clube, e que qualquer outro cenário não se adequava à nova realidade do clube.
"Quero deixar claro que aceitaria a readequação ao novo teto salarial, mas essa nova administração também não me deu essa opção" diz um trecho da nota.
Em outro trecho, Fábio explica como se deu a negociação e aproveitou para criticar o diretor de futebol Paulo André, ex-jogador e que foi colega de Fábio no próprio Cruzeiro em 2015.
"Me disseram que qualquer outro cenário estava inviabilizado e que eu não faço parte do planejamento desportivo para 2022. Na reunião estavam presentes o diretor executivo Pedro Martins e Gabriel Lima representando a nova gestão. Paulo André, que estava na sala ao lado, não teve sequer a consideração de me cumprimentar, sendo ele um ex-companheiro de clube".
A decisão não repercutiu bem entre os torcedores e outros jogadores, sendo eles o zagueiro Léo, que passou 11 anos no Cruzeiro antes de deixar o clube no ano passado.
"Guerreiro é até difícil falar algo, mais não surpreendo em nada, o que falar ? O legado é o que mais importa, a intensão do coração é o que mais importa, todas as batalhas, lutas, choros, vitórias, títulos. O mais importante é o legado! Você é herói de muita gente, tocou muita gente, realizou o propósito de muita gente! Alegrou muita gente! Você é o cara!" disse ele em comentário na publicação de Fábio.
O Cruzeiro ainda publicou um vídeo nas redes sociais em homenagem ao goleiro.
ALEXANDRE MATTOS DEIXOU O CLUBE MESMO ANTES DE ASSUMIR CARGO
O primeiro a deixar o clube não calça chuteiras e sequer pisa no gramado. Anunciado pela antiga diretoria no comecinho de dezembro, o diretor de futebol bicampeão brasileiro pelo clube em 2013 e 2014 sequer chegou a ser apresentado no clube mineiro, mas já tinha começado os seus trabalhos remotamente dos Estados Unidos e até já tinha acertado alguns reforços para a Raposa. Segundo o site GOAL, Mattos receberia R$ 150 mil garantidos pela XP Investimentos.
Para o seu lugar, Ronaldo trouxe o ex-jogador Paulo André.
MESMO COM CONTRATO ATÉ 2023, LUXEMBURGO DEIXOU O CRUZEIRO
Seguindo a lógica da saída de Alexandre Mattos, quem também deixou o clube foi o técnico Vanderlei Luxemburgo. O treinador, que chegou no clube em agosto, era uma das dúvidas para 2022. Embora tenha passado longe do acesso para a Série A, a antiga diretoria queria continuar com o treinador e tinha costurado um acordo, que buscava garantir um time mais competitivo, para mantê-lo no cargo. Em novembro, o clube anunciou a renovação de Luxemburgo até dezembro de 2023, mas o acordo foi desfeito pela nova gestão e o treinador acabou demitido.
Os valores do salário de Luxemburgo no Cruzeiro são desconhecidos, mas, segundo apuração do Super FC, a comissão técnica do treinador custava, todos juntos, R$ 160 mil mensais, valor considerado baixo.
A saída de Luxemburgo foi outra a gerar repercussão. O ex-jogador Marcelinho Carioca, que já se envolveu em polêmicas com Luxemburgo no passado, disse, em um comentário no Instagram da TNT Sports, que a saída de Luxemburgo do Cruzeiro tem haver com o fato dele ter ''feito graça'' com Ronaldo na época de Real Madrid, quando comandou o elenco dos "Galácticos" em 2004.
PARÁ FOI DE CONTRATADO A DISPENSANDO EM MENOS DE UM MÊS
Em caso semelhante ao de Alexandre Mattos, Pará foi outro que deixou o Cruzeiro. O lateral de 35 anos foi anunciado em 9 de dezembro e dispensado no dia 30.
Inclusive, um dos motivos alegados por Pará e seu staff, que entrou em acordo com o Cruzeiro, foi justamente a saída de Luxemburgo, como demonstrado na nota divulgada pela OTB, dos agentes Bruno Paiva e Marcelo Goldfarb, que gerencia a carreira do atleta.
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Pará tinha sido anunciado num "pacotão" que incluía, além dele, os meias Fernando Neto e Pedro Castro, o volante Filipe Machado e o atacante Edu. O contrato assinado com Pará era válido por duas temporadas e ia até dezembro de 2023 com salário de R$ 150 mil por mês. O Cruzeiro, inicialmente, teria tentado uma readequação salarial, mas o jogador preferiu procurar um novo clube.
QUEM MAIS PODE SAIR?
Praticamente todos os jogadores que foram contratados para estrear em 2022 ou os que renovaram contrato recentemente. Dentre eles, um outro ídolo do clube, o atacante Marcelo Moreno. O atacante boliviano / brasileiro de 34 anos chegou ao clube em 2020 e tem contrato até dezembro de 2022. Especula-se que ele seja o mais bem pago do elenco e que seu salário passe da casa dos R$ 300 mil, valores que nunca foram confirmados. Segundo o Goal, o jogador teria sido mais um dos procurados por Ronaldo e companhia para discutir uma readequação salarial.
O goleiro Jailson, os zagueiros Maicon e Sidnei, os volantes Fernando Neto, Filipe Machado e Pedro Castro, além do meia João Paulo e do atacante Edu, reforços anunciados pela antiga diretoria, também são alvo da reformulação de Ronaldo Fenômeno.
O primeiro a deixar o clube não calça chuteiras e sequer pisa no gramado. Anunciado pela antiga diretoria no comecinho de dezembro, o diretor de futebol bicampeão brasileiro pelo clube em 2013 e 2014 sequer chegou a ser apresentado no clube mineiro, mas já tinha começado os seus trabalhos remotamente dos Estados Unidos e até já tinha acertado alguns reforços para a Raposa. Segundo o site GOAL, Mattos receberia R$ 150 mil garantidos pela XP Investimentos.
Para o seu lugar, Ronaldo trouxe o ex-jogador Paulo André.