IMUNIZAÇÃO

Coronavírus: veja vacinas já liberadas para teste e entenda as etapas até liberação para aplicação

A expectativa é que até setembro deste ano, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, seja disponibilizada

Rute Arruda
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Rute Arruda
Publicado em 05/05/2020 às 22:26 | Atualizado em 13/05/2020 às 14:54
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Dia Mundial da Vacinação é comemorado neste 17 de outubro - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

atualizada às 19h59

Desde que os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados em Wuhan, na China, muito se tem questionado sobre a criação de novas vacinas para proteger a população. Dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a covid-19 já infectou 3.517.345 pessoas e deixou mais de 200 mil mortos no mundo. No entanto, até o momento, ainda não há vacina alguma contra a covid-19 aprovada para comercialização. Apenas oito estão liberadas para testes, e outras 108 se encontram em fase inicial de estudo.

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Uma das vacinas em fase de teste foi desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A vacina, que começou a ser testada em abril, foi denominada ChAdOx1 nCOV-19 e é produzida a partir do material genético de um dos vírus que causam quadros de resfriado comum, o adenovírus. . Os pesquisadores adicionaram um material genético do coronavírus que é responsável pela produção das proteínas encontradas na superfície do Sars-COV-2. Caso a eficácia seja comprovada, doses desta vacina devem ser disponibilizadas até setembro de 2020. 

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Na China, uma vacina começou a ser testada em voluntários no dia 21 de abril de 2020. Os pesquisadores irão testar se foram criados anticorpos e se os voluntários se tornaram imunes ao vírus. Nessa terça-feira (5), nos Estados Unidos, as empresas Pfizer e BioNTech começaram os testes de imunizações em pessoas saudáveis. No momento, há quatro opções de vacinas, que atuam a partir do RNA mensageiro (mRNA), contra a doença em teste pelas duas companhias. Inicialmente, serão imunizados adultos sem o novo coronavírus, com idades entre 18 e 55 anos. 

No Brasil, pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, estão desenvolvendo uma vacina a partir de um mecanismo usado por algumas bactérias para enganar o sistema imunológico humano. No estudo realizado, os pesquisadores irão utilizar pequenas bolhas, ou vesículas, fabricadas em laboratório e que serão acopladas nas vesículas proteínas da superfície do novo coronavírus. O objetivo é que, em contato com o sistema de defesa, as bolhas criem uma memória imunológica no organismo e estimule a produção de anticorpos específicos contra a covid-19.

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Etapas da elaboração das vacinas

Apesar de oito vacinas estarem liberadas, até o momento, para testes, o médico pediatra Eduardo Jorge,
representante em Pernambuco da Sociedade Brasileira de Imunização e vice-presidente da Sociedade de Pediatria em Pernambuco, alertou para o tempo de elaboração de uma vacina. Segundo ele, uma vacina pode demorar dez anos para ser desenvolvida.

"Nós temos que lembrar que é um novo medicamento, uma nova vacina. Uma coisa é você ter estudado dez mil pessoas nos estudos de fase 3. Outra coisa é você aplicar esta vacina em milhões de pessoas", disse.

Etapa 1 -Esta primeira etapa só pode ser realizada após codificar o vírus, entender a resposta imunológica, ter a perspectiva de qual tipo de vacina (vacinas de vírus atenuado, inativado, etc), entre outros processos incluídos na chamada fase pré-clínica. Refere-se ao uso da vacina pela primeira vez em um ser humano. Nesta fase serão avaliadas diferentes vias de administração e diferentes doses, realizando-se testes iniciais de segurança e de interação com outras drogas Cerca de 20 a 100 indivíduos participam dessa fase.

Etapa 2 -  Tem como objetivo obter mais dados de segurança e começar a avaliar a eficácia da nova a vacina. Os testes de fase II, geralmente diferentes dosagens assim como diferentes indicações são avaliadas nesta fase. Segundo explicou o médico Eduardo Jorge, neste processo entre 100 e 300 pessoas são testadas. As oito vacinas em estudo contra o novo coronavírus estão nesta etapa.

Etapa 3 - Nesta fase, entre cinco mil e dez mil pessoas são estudadas. Durante esta fase se espera obter maiores informações sobre segurança, eficácia e interação de drogas. Os testes de fase III devem fornecer todas as informações necessárias para a elaboração da bula da vacina. De acordo com Eduardo Jorge, uma vacina só pode ser liberada para comercialização após o estudo em, no mínimo, essa quantidade de pessoas. "Para se ter uma ideia, o estudo da vacina do rotavírus foi realizado em 80 mil pessoas em várias partes do mundo antes de ser liberada", comentou. Após a terceira fase, haverá o registro e aprovação da vacina pelas autoridades sanitárias.

Etapa 4 - Após a vacina estar liberada para uso e disponibilizada aos produtores, é necessário acompanhar como ela se comportará na população em geral. "Está é a fase de acompanhamento após a vacina já estar em uso nos primeiros meses. Os principais objetivos do estudo de fase 4 é exatamente detectar esses eventos adversos raros que não foram vistos em estudo de fase 3", explicou. Esta fase é conhecida como farmacovigilância.

Na avaliação do médico pediatra, a vacina do novo coronavírus será a vacina mais rápida a ser desenvolvida, e que, em cinco meses os cientistas conseguiram realizar um trabalho feito, geralmente, em cinco anos. "Nós esperamos que esses estudos de fase 2 terminem em junho ou julho, e comece os estudos de fase 3 em seguida. Na minha opinião, acho que vai ser a vacina mais rápida a ser desenvolvida da história da humanidade. Mas eu não tenho expectativa que isso aconteça antes do fim do ano. Há uma promessa do laboratório para outubro, mas eu acho isso uma coisa animadora demais. No próximo ano, com certeza, nós vamos ter alguma dessas vacinas", comentou.

Segundo ele, esse avanço nas etapas só foi possível porque a China codificou o vírus ainda em dezembro, e que já se tem a plataforma para dois outros coronavírus, são eles: a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), identificada em 2003, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), descoberta em 2012.

O médico ainda ressaltou que, até a vacina estar pronta, é necessário manter a quarentena. "A chave da resposta dessa pandemia não está em medicamentos, e sim na vacina. Até chegar a vacina, temos que estar no isolamento social. Eu só vejo essas duas coisas importantes para essa pandemia. Antes da vacina, não afrouxar o isolamento", frisou.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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