PANDEMIA

Fiocruz e AstraZeneca ajustam detalhes para a produção de vacina contra o novo coronavírus

Documento assinado pela Fiocruz e AstraZeneca define como será conduzido o acordo de transferência de tecnologia e a produção de 100 milhões de doses para o Brasil

Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 31/07/2020 às 21:02
CADU ROLIM/ESTADÃO CONTEÚDO
O funcionário envolvido "reconheceu que as vacinas foram retiradas intencionalmente da geladeira" - FOTO: CADU ROLIM/ESTADÃO CONTEÚDO
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Um documento foi assinado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a AstraZeneca, que dará base para o acordo entre os laboratórios sobre a transferência de tecnologia e produção de 100 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus, se for comprovada sua eficácia e segurança. O alinhamento é o passo seguinte às negociações realizadas pelo governo federal, a Embaixada Britânica e o laboratório AstraZeneca.

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A assinatura deste acordo é mais uma etapa decisiva para a produção de uma vacina contra a covid-19 no País, contribuindo para a soberania nacional ao garantir ao Brasil competência tecnológica e fortalecimento do SUS no combate à pandemia.

De acordo com o Ministério da Saúde, está previsto um investimento de R$ 522,1 milhões na estrutura da Bio-Manguinhos, unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos. O objetivo é ampliar a capacidade nacional de produção de vacinas e tecnologia disponível para a proteção da população. Outros R$ 1,3 bilhão são despesas referentes a pagamentos previstos no contrato de Encomenda Tecnológica. Os valores contemplam a finalização da vacina.

Segundo a diretora da Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Camile Giaretta, este foi um passo de extrema importância no que se refere ao acordo. “Demos mais um passo importante para a formalização do acordo entre os laboratórios. Essa ação do Governo Federal significa um avanço para o desenvolvimento de tecnologia nacional e de proteção da população brasileira”, disse.

O Memorando de Entendimento que define os parâmetros econômicos e tecnológicos para a produção da vacina contra a covid, desenvolvida pela Universidade de Oxford já está em fase de estudos clínicos no Brasil e em outros países. O acordo prevê o início da produção da vacina no Brasil a partir de dezembro deste ano e garante total domínio tecnológico para que Bio-Manguinhos tenha condições de produzir a vacina de forma independente.

O acordo firmado entre Fiocruz e AstraZeneca é resultado da cooperação entre o governo brasileiro e governo britânico, anunciado em 27 de junho pelo Ministério da Saúde. O próximo passo será a assinatura de um acordo de encomenda tecnológica, previsto para a segunda semana de agosto, que garante acesso a 100 milhões de doses do insumo da vacina, das quais 30 milhões de doses entre dezembro e janeiro e 70 milhões ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021.

A Fiocruz recebeu informações técnicas fornecidas pela AstraZeneca necessárias para a definição dos principais equipamentos para o início da produção industrial. Com sua larga experiência em produção de vacinas, a instituição também colocará à disposição sua capacidade técnica a serviço dos esforços mundiais para a aceleração do escalonamento industrial da vacina junto a outros parceiros.

Ao mesmo tempo, a Fiocruz constituiu um comitê de acompanhamento técnico-científico das iniciativas associadas às vacinas para o coronavírus. O comitê é coordenado pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, e tem a participação de especialistas da Fiocruz e de instituições como USP, UFRJ e UFG.

A vacina produzida por Bio-Manguinhos será distribuída pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que atende o Sistema Único de Saúde (SUS). O acordo com a AstraZeneca permitirá, além da incorporação tecnológica desta vacina, o domínio de uma plataforma para desenvolvimento de vacinas para prevenção de outras enfermidades, como a malária.

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