pandemia

'O pior dos mundos seria cada estado procurando comprar a vacina por sua conta e risco', diz Wanderson Oliveira

Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta quinta-feira (10), o epidemiologista e ex-secretário do Ministério da Saúde Wanderson Oliveira, conversou sobre uma futura campanha de vacinação contra a covid-19 no Brasil

JC
Cadastrado por
JC
Publicado em 10/12/2020 às 11:09 | Atualizado em 10/12/2020 às 11:15
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Wanderson Oliveira está em Pernambuco para ajudar a Secretaria Estadual de Saúde na análise dos casos e perfil da pandemia do novo coronavírus - FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Em Pernambuco para ajudar a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) na análise dos casos e perfil da pandemia do novo coronavírus, o epidemiologista e ex-secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, concedeu entrevista à Rádio Jornal na manhã desta quinta-feira (10). Na ocasião, o ex-secretário falou sobre uma futura campanha de vacinação contra a covid-19 no Brasil e afirmou que “o pior dos mundos seria cada estado procurando comprar a vacina por sua conta e risco”.

Segundo o epidemiologista, não será possível que todos os grupos prioritários sejam vacinados no primeiro semestre de 2021. “Eu continuo achando que não vamos conseguir fazer uma grande campanha de vacinação. O que seria uma grande campanha de vacinação? Seria conseguir atingir todas as pessoas dos grupos prioritários dentro do primeiro semestre. Isso não vai ser possível. A gente vai conseguir fazer possivelmente alguns grupos prioritários como trabalhadores, uma parcela das pessoas com comorbidades, espero muito que a gente consiga fazer também professores”, declarou ao ser questionado por sua fala no jornal El País sobre o Brasil não conseguir fazer uma grande campanha de vacinação ainda no primeiro semestre do próximo ano.

Para Wanderson, no entanto, esse não seria o pior cenário enfrentado pelo Brasil. O pior seria, sobretudo, o Governo Federal não estabelecer uma estratégia nacional para campanha de vacinação e, assim, cada estado agir por conta própria.

“Estão todos os estados aguardando a manifestação do Ministério da Saúde, porque é de competência do Ministério estabelecer qual é estratégia nacional. Pernambuco pode fazer mais, não pode fazer menos. O pior dos mundos seria cada estado procurando comprar a vacina por sua conta e risco”, declarou o ex-secretário, que ainda ressaltou a importância da vacina entrar para o registro da agência reguladora e, dessa forma, não passar de uma “expectativa”.

O ex-secretário acredita que está faltando uma estratégia de vacinação por parte do governo e que é necessário que ele se comprometa oficialmente em comprar a vacina CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o mais rápido possível.

“Precisa saber se alguém vai comprar ou não. A previsão de compra é feita mesmo sem o produto ainda pronto, faz parte do acordo comercial. Não faz sentido esperar a Anvisa avaliar [a vacina]. O desejo de aquisição precisa ser mais claro, uma carta que requer um compromisso formal do Governo para que um planejamento pelos grupos possa ser feito”, disse.

Aumento de casos

Sobre o Brasil estar passando por uma possível segunda onda da pandemia, em que diariamente os números de casos e mortes têm subido, o epidemiologista afirmou que essa semana o País deve ultrapassar a semana com maior número de casos, desde o início da pandemia.

“Na semana número 30, que terminou no sábado, dia 25 de julho, nós tivemos 150 casos de covid confirmados para cada 100 mil habitantes. Na semana agora, número 49, que foi a semana, que terminou no último sábado, nós já estávamos com 137 casos para 100 mil habitantes, declarou.

Sobre o que teria contribuído para o crescimento, o ex-secretário disse que as campanhas eleitorais municipais em todo Brasil tenham sua parcela de culpa. “Não o dia das eleições em si, mas as aglomerações pequenas, ainda durante o período de campanha, prestam um papel muito mais importante na transmissão que um ônibus lotado. É impressionante como esses episódios estão cobrando o preço. Nós relaxamos no cuidado e agora está vindo a conta”, disse.

Comentários

Últimas notícias