Homem que engravidou sobrinha de 10 anos é condenado a 44 anos de prisão; aborto foi realizado no Recife
De acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), a sentença foi proferida no início de fevereiro
O homem de 33 anos, acusado de estuprar a sobrinha de 10 anos em São Mateus, norte do Espírito Santo, foi condenado a 44 anos, três meses e cinco dias de prisão. De acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), a sentença foi proferida no início de fevereiro. Mais detalhes não foram repassados, uma vez que este caso se encontra em segredo de Justiça.
- DNA comprova que tio estuprou e engravidou menina de dez anos do Espírito Santo
- A dor de uma menina é a de muitas: as barreiras do aborto legal no Brasil
- Em vídeo, suspeito de estuprar e engravidar sobrinha de 10 anos insinua que mais dois parentes também abusavam da menina
A defesa do acusado disse não concordar com a sentença e que irá recorrer. "Respeitamos todas as decisões do Poder Judiciário, mas não concordamos. Já impetramos o recurso de apelação. Entendemos que alguns elementos, alguns requisitos que foram trazidos na sentença, que foram colocados como o quantitativo de pena, a defesa não concorda. Vamos em busca de uma sentença justa", afirmou o advogado Antônio Hortêncio.
Ele não quis informar em qual presídio o homem está preso, por questões de segurança. "Em relação ao cliente, está no presídio e está bem. Vamos conversar com ele sobre a sentença. Fomos intimados na quarta-feira (24 de fevereiro) e não deu tempo de conversar com ele com a sentença", contou o advogado.
O Estadão entrou em contato com a defesa da família da vítima. Entretanto, o advogado responsável pelo caso disse que, por enquanto, não irá se pronunciar.
Relembre o caso
No início de agosto de 2020, a menina, então com 10 anos, reclamou de dores na barriga e procurou um médico. Em um hospital de São Mateus, a gravidez foi diagnosticada. O caso repercutiu nacionalmente após o TJ-ES liberar que a vítima fizesse um aborto para retirar o feto. Na época, a garota estava grávida de três meses aproximadamente.
Na decisão judicial que autorizou a interrupção da gravidez, foi determinado que o procedimento fosse realizado no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam). Entretanto, o hospital não fez o procedimento e alegou "questões técnicas" na recusa. A criança, então, foi transferida para o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam-UPE), em Recife, Pernambuco, onde conseguiu ser atendida na noite do dia 16 de agosto. A garota, acompanhada da avó, teve de chegar e entrar no hospital escondida. Do lado de fora, um grupo de manifestantes contrário ao aborto protestou contra a decisão da Justiça de conceder a interrupção da gravidez.
- MPF quer saber por que hospital do Espírito Santo se negou a fazer aborto legal em menina de dez anos
- Uma rede de carinho em torno de menina de 10 anos, após estupro e aborto
- Médico cumpriu dever ético, técnico e legal, diz Cremepe sobre procedimento de aborto em menina de 10 anos
- Governador do Espírito Santo liga para médico do Cisam para agradecer acolhida de criança submetida a aborto
Depois da realização do aborto e do retorno da vítima para o Espírito Santo, o Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) denunciou a extremista de direita Sara Giromini por ter divulgado dados pessoais da vítima nas redes sociais. O MP também denunciou um pré-candidato a vereador de São Mateus, do PSL, que teria pressionado a família da garota a não aceitar a realização do aborto. Essa suposta "pressão" exercida por algumas pessoas contra a criança e parentes também estava na mira do MP capixaba.
O tio, acusado do estupro, fugiu e foi preso em Minas Gerais. Ele estava na casa de familiares em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e se entregou à Polícia.