BALANÇO

Pela 1ª vez, Brasil registra mais de 3 mil mortes por covid-19 em 24 horas

O Brasil registrou 3.251 mortes em decorrência da doença nas últimas 24 horas, de acordo com os dados do Conass. Foi o dia mais letal da pandemia no País

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AFP

Publicado em 23/03/2021 às 18:23 | Atualizado em 24/03/2021 às 1:19
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Atualizada às 22h40

A pandemia de coronavírus no Brasil ceifou mais de 3.000 vidas em 24 horas pela primeira vez nesta terça-feira (23), em um momento em que a situação no País causa alarme mundial e pressiona o presidente Jair Bolsonaro, que prometeu um rápido retorno à "normalidade".

O Brasil, com 212 milhões de habitantes, registrou 3.251 mortes em um dia, elevando o total para 298.676 óbitos desde a primeira morte há um ano, balanço superado apenas pelos Estados Unidos. Os casos totalizam 12,1 milhões, com 82.493 infecções nas últimas 24 horas, revelou o ministério.

Nos últimos sete dias a média diária foi de 2.364 vítimas de covid-19, número em constante ascensão desde 22 de fevereiro e que representa o triplo do início do ano (703), atingindo níveis nunca vistos na primeira onda da pandemia em 2020.

O recrudescimento colocou o sistema de saúde sob pressão, com as unidades de terapia intensiva (UTIs) com taxa de ocupação superior a 80% na maioria dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal e com uma "preocupação" crescente com o risco de falta oxigênio em pelo menos seis estados, segundo relatório da Procuradoria-Geral da República.

O descontrole da pandemia no Brasil é motivo de preocupação em toda a América do Sul.

A transmissão do vírus "continua aumentando perigosamente em todo o Brasil" e essa "péssima situação também atinge os países vizinhos", afirmou nesta terça-feira, de Washington, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne.

Etienne citou como exemplo o aumento de casos em regiões da Venezuela, Bolívia e Peru na fronteira com o Brasil, bem como no Uruguai, Paraguai e Chile.

Especialistas atribuem parte dessa tragédia à variante do coronavírus registrada na Amazônia, conhecida como P1, que pode ser ao menos duas vezes mais contagiosa.

E à baixa adesão às normas de distanciamento social, com a cumplicidade de Bolsonaro, que promove constantemente aglomerações com seus apoiadores sem o uso de máscaras e questiona as medidas de quarentena por seu impacto econômico.

Na noite desta terça-feira, o presidente prometeu aos brasileiros que voltarão à normalidade em breve graças à vacinação, apesar desta avançar lentamente e com problemas logísticos.

"Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas. Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos nossa vida normal", declarou.

Seu discurso teve como som de fundo panelaços de protesto nas principais cidades do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, reportaram jornalistas da AFP.

Prefeitos e governadores impuseram medidas de distanciamento social, limitando o comércio e as atividades não essenciais, mas sem garantias de adesão, nem de coordenação entre eles e muito menos com o governo federal, que sempre se opôs a este tipo de limitações.

Por enquanto, 11,1 milhões de brasileiros - 5,2% da população - receberam ao menos uma dose da vacina e 3,5 milhões tomaram a segunda, segundo dados oficiais recolhidos pela AFP.

O presidente, que aspira à reeleição em 2022, expressou sua solidariedade "com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias".

Horas antes do discurso, o presidente empossou, em uma cerimônia discreta no Palácio do Planalto, seu quarto ministro da Saúde desde o início da pandemia, Marcelo Queiroga, mais de uma semana depois de ter sido nomeado por Bolsonaro para substituir o questionado general Eduardo Pazuello.

Casos e óbitos em Pernambuco

Nas últimas 24 horas, mais 64 mortes foram confirmadas em decorrência da covid-19 pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE)Este foi o maior número de óbitos confirmados em um dia neste ano. Apesar do alto registro, essas mortes são casos que ocorreram do dia 20 de agosto até essa segunda-feira (22), mas só tiveram confirmação laboratorial agora. O Estado tem um total de 11.762 vidas perdidas, desde o início da pandemia.

>> Possível escassez de medicamentos está relacionada à falta de coordenação federal, diz sindicato dos hospitais de Pernambuco

>> Vírus da covid-19 pode permanecer ativo por mais de 14 dias em alguns pacientes com sintomas leves

Mais 2.172 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus também foram confirmados nesta terça-feira (23). Desses, 223 (10%) são de pessoas que desenvolveram Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 1.949 (90%) são casos leves. Agora, Pernambuco totaliza 333.498 casos confirmados da doença, sendo 34.836 graves e 298.662 leves.

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