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Polícia investiga se Lázaro, suspeito de cometer chacina no Distrito Federal, teve ajuda de cúmplice

De acordo com o delegado que comanda as investigações do crime, Raphael Seixas, da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), depoimentos de testemunhas fizeram com que fosse levantada a hipótese de que o homem teve ajuda para cometer a chacina

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Bruna Oliveira, Do jornal Correio para a Rede Nordeste

Publicado em 16/06/2021 às 12:13 | Atualizado em 17/06/2021 às 6:24
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A Polícia Civil do Distrito Federal investiga se Lázaro Barbosa da Silva, de 32 anos, conhecido como o serial killer do DF, teve ajuda de um cúmplice no assassinato de quatro pessoas de uma mesma família na última quarta-feira (9).

De acordo com o delegado que comanda as investigações do crime, Raphael Seixas, da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), depoimentos de testemunhas fizeram com que fosse levantada a hipótese de que o homem teve ajuda para cometer a chacina. "Ele afirmou que não agiu sozinho, conforme disse para vítima do roubo no dia posterior [à chacina]", disse o delegado ao G1.

Além disso, um outro ponto considerado é o sequestro de Cleonice Marques, de 43 anos. A mulher, que morava na chácara invadida por Lázaro com o marido e seus dois filhos, também mortos, foi encontrada sem vida em um córrego da região três dias após a chacina cometida contra a sua família. De acordo com o delegado, seria difícil para o serial killer levá-la sozinho, a pé, pela mata.

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Crime no DF

200 policiais, sete dias de perseguição e um rastro de sangue pelo caminho. A caçada pelo baiano Lázaro mobiliza a polícia do Distrito Federal após a chacina de uma família em Ceilândia no último dia 9 de junho.

Naquele dia, o suspeito invadiu uma chácara - segundo a investigação, a ideia era roubar a família, mas o crime virou algo muito mais sanguinolento. Cleonice Marques, 43, teria percebido a ação do bandido e avisado aos familiares. Lázaro então matou o marido e os filhos dela, Cláudio Vidal, 48, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Após o triplo homicídio, ele fugiu levando-a com ele como refém. A mulher ainda conseguiu ligar para o irmão, que chegou à casa e encontrou os três corpos, mas não achou Cleonice.

A mulher foi encontrada morta três dias depois, no sábado (12). O corpo estava em um córrego próximo a Sol Nascente, também no Distrito Federal. O cadáver estava sem roupa e com diversos cortes. Exames vão determinar se houve violência sexual.

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Desde então, já são seis dias de buscas intensas da polícia do DF por Lázaro. Dois esconderijos onde ele se escondia para cometer crimes em propriedades da região do Incra 9 foram descobertos pela polícia. Todos são em região de mata, comprovando a fama de "mateiro" experiente de Lázaro. Foram encontrados lona, colchões, roupas, calçados e garrafas de água. Ele costumava ficar nesses pontos antes dos crimes. O corpo de Cleonice estava a cerca de 10 minutos de um dos esconderijos.

Antes, Lázaro também praticou outros crimes no DF. Segundo a polícia, ele é acusado por roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no DF e em chácaras do estado de Goiás. Ele chegou a ser preso em 8 de março de 2018, pelo Grupo de Investigações de Homicídios de Águas Lindas, mas fugiu do presídio quatro meses depois, no dia 23 de julho. Desde então, Lázaro estava foragido também no DF.

Bahia

Lázaro é natural de Barra do Mendes, cidade na região noroeste da Bahia. Foi lá que ele começou sua jornada de crimes quando tinha 19 anos, ainda em 2007. Seus primeiros assassinatos foram dois homens que tentavam proteger uma garota que ele perseguia por estar supostamente "apaixonado".

Após o duplo homicídio, a história foi parecida com a que vivemos hoje. Durante 15 dias, ele fugiu se escondendo pelas matas e grutas da região. A caçada só terminou quando ele resolveu se entregar para a polícia.

A capacidade de ele se esconder, aliada à violência dos crimes, criou um boato na cidade de que Lázaro havia feito um pacto com o diabo, mesma história contada atualmente.

“A polícia de todo o canto veio atrás dele, mas não o encontrou. O povo dizia que ele tinha feito um pacto com o diabo e virava toco e por isso não era visto. Isso quem contava era o povo da roça, mas a gente sabe que isso tudo é medo. A região é cheia de gruta e ele aproveitava para se esconder. Ele só se entregou à polícia porque estava com fome e uma hora poderia ser morta ”, explica uma moradora de Barra do Mendes.

Quando ainda estava escondido na serra, Lázaro usava uma tática para despistar a polícia. Ele usava os chinelos ao contrário, produzia pagadas para o contrário que estava indo. “Ele amarrava os pés não lado contrário que as pessoas usam como sandálias, assim fazer uma falsa trilha que levada os policiais para mais distante dele”, relatou.

Linha do tempo dos crimes

  • 2007

Preso em Barra Mendes, na Bahia, pelo crime de duplo homicídio, mas fugiu da prisão depois de 10 dias.

  • 2009

Preso no DF pelos crimes de roubo, estupro e porte de arma.

  • 2013

Laudo aponta características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade".

  • 2014

Passa para o semiaberto e é beneficiado com trabalho externo.

  • 2016

Foge da unidade prisional do regime semiaberto.

  • Março de 2018

Lázaro é recapturado.

  • Julho de 2018

Foge do Presídio de Águas Lindas de Goiás (GO).

  • 2019

Justiça expediu novo mandado de prisão.

  • 2021

26 de abril: Lázaro teria invadido uma casa no Sol Nascente.

17 de maio: fez uma família refém na mesma região.

9 de junho: teria cometido um triplo homicídio em uma chácara, no Incra 9, em Ceilândia (DF).

10 de junho: rendeu o proprietário de uma fazenda, a filha dele e o caseiro.

12 de junho: Polícia encontra corpo de vítima no Córrego da Cascalheira, localizado no meio da mata entre a BR-070 e a DF-180.

13 de junho: furtou um carro e o abandonou na BR-070, depois, ele continuou a fuga, pela mata.

14 de junho: Polícias do DF e de Goiás fizeram um cerco em 34 propriedades rurais da região e continuaram as buscas

15 de junho: fez três pessoas de reféns e atingiu policial no rosto com disparo de arma de fogo

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