Motim da PM no Ceará: soldado é o primeiro expulso por movimento em 2020
Raylan Kadio Augusto de Oliveira teve condenação publicada no Diário Oficial do Estado na quarta-feira, 23; ele pode recorrer da decisão
A primeira sanção disciplinar a policiais militares pelo motim de 2020 no Ceará foi emitida nessa quarta-feira, 23. O soldado Raylan Kadio Augusto de Oliveira foi considerado culpado por participar na ocupação do 18º Batalhão de Polícia Militar, em Fortaleza, um dos principais pontos onde policiais paralisados se reuniram.
Pela decisão, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), Raylan foi condenado nos artigos 149 (Revolta) e 155 (Incitamento) do Código Penal Militar, e pelo artigo 23 (Incitação) da Lei de Segurança Nacional. Ele foi identificado em um vídeo gravado dentro do batalhão durante o motim.
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Em depoimento à CGD, Raylan confirmou que esteve no local, mas disse não ter aderido à paralisação. Ele disse ter comparecido ao batalhão por "curiosidade", mas que voltou para casa por considerar o motim "sem sentido".
A CGD, no entanto, pontuou que ele participou ativamente do motim, chegando a discursar em microfone no local. Segundo o órgão, um atestado médico apresentado por Raylan com o diagnóstico de ansiedade, usado como argumento para a ausência do soldado ao trabalho no período, foi emitido somente dois dias após ele ter deixado de comparece ao trabalho.
Motim da PM no Ceará: o que aconteceu?
Na tarde de 18 de fevereiro de 2020, um grupo de policiais militares anunciou o início da paralisação. Nas quase duas semanas do motim, houve ocupação de quarteis e batalhões, fechamento do comércio e depredação de viaturas.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), pediu reforço ao Governo Federal, que enviou tropas da Força Nacional de Segurança para o estado. O motim terminou em 1º de março do mesmo ano, com acordo de reajuste para a categoria. Foram necessárias três propostas do governo para encerrar a paralisação.
Um dos episódios mais marcantes do motim foi o atentado a tiros contra o senador Cid Gomes (PDT), que tentava forçar, com uma retroescavadeira, a entrada em um quartel da polícia militar em Sobral, na região Norte do estado.