Enterro do indigenista Bruno Pereira será realizado no Recife; família aguarda liberação do corpo
Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram mortos a tiros na Amazônia, com munição típica de caça
Após a confirmação da morte do indigenista Bruno Pereira, a expectativa da família do pernambucano é de que ele seja velado entre quarta e quinta-feira, no Recife.
Falta a liberação do corpo pela Polícia Federal, que já está em trabalho de conclusão das perícias, de acordo com reportagem do site Extra.
No Vale do Javari, onde Bruno atuava na proteção de áreas indígenas, as várias tribos do local já preparam seus rituais espirituais de despedida. Já na segunda-feira (20), a tribo kanamari começou a entoar seus cânticos ao espírito de Bruno.
"O povo kanamari de hoje para amanhã já deve fazer uma cerimônia em Atalaia do Norte. Os demais vão fazer nas aldeias. Todos eles, marubos, matis, cada um com o seu jeito", explicou Beto Marubo, liderança indígena. – São músicas cantadas, cada povo com o seu próprio ritual espiritual, onde não precisa estar exatamente o corpo ali.
Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados enquanto se deslocavam da comunidade ribeirinha de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte (AM).
O indigenista já havia denunciado que estaria sofrendo ameaças na região, informação confirmada pela PF, que abriu procedimento investigativo sobre a denúncia.
Bruno Pereira estava atuando como colaborador da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) - entidade mantida pelos próprios indígenas da região. Entre as suas missões, estava a de impedir a caça e a pesca ilegal na reserva, bem como outras práticas criminosas.
A Terra Indígena do Vale do Javari concentra o maior número de índios isolados ou de recente contato do planeta e qualquer aproximação com não índios pode desencadear um processo de extermínio desses povos, seja pela disseminação de doenças ou enfrentamento direto.
Envolvidos na morte do indigenista e do jornalista
A Polícia Federal já identificou oito pessoas envolvidas nas mortes, sendo que três estão presos e cinco foram identificados por terem participado da ocultação dos cadáveres.
Os presos são Amarildo da Costa Pereira, conhecido como Pelado, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos.
Os corpos foram encontrados após a confissão de Amarildo.
Autores do crime já afirmaram que a motivação do assassinato teria sido justamente a atuação de Bruno e Dom na denúncia de acesso e exploração ilegal da reserva.
A PF chegou a dizer, na sexta-feira (17), que não haveria mandantes nem participação de organizações criminosas. A conclusão, no entanto, foi rechaçada pela Univaja, que, em nota, informou terem sido repassados dados sobre organizações criminosas que estariam atuando na região.
Segundo a PF, as investigações continuam para esclarecer todas as circunstâncias, os motivos e os envolvidos no caso.