INVESTIGAÇÃO

PF vê transações suspeitas em gabinete de Bolsonaro, e assessor tem sigilo quebrado

Ministro Alexandre de Moraes (STF), a pedido da PF, autorizou quebra do sigilo bancário de ajudante de ordens do presidente

Cadastrado por

JC

Publicado em 26/09/2022 às 21:02 | Atualizado em 26/09/2022 às 21:35
Policiais federais realizaram buscas nas casas de suspeitos de envolvimento no esquema criminoso - MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

A Polícia Federal encontrou no telefone do principal ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro (PL) mensagens que levantam suspeitas sobre transações financeiras supostamente irregulares feitas no gabinete do presidente da República. As informações são da Folha de S.Paulo.

Segundo reportagem da Folha publicada nesta segunda-feira (26), textos, áudios e imagens trocadas pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid com outros funcionários da Presidência sugerem depósitos fracionados e saques em dinheiro.

O material analisado pela Polícia Federal indica que as movimentações financeiras se destinavam a pagar contas pessoais da família presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, diz a Folha.

Governo diz que dinheiro é da conta pessoal do presidente

A assessoria da Presidência negou irregularidades nas transações e diz que os valores movimentados são da conta particular do presidente da República.

Atendendo um pedido da PF e om base nesses indicativos coletados pela polícia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nas últimas semanas a quebra de sigilo bancário de Cid, o objetivo é descobrir a origem do dinheiro e se há uso de verba pública.

As transações estão sendo analisadas no âmbito de um inquérito policial, mas ainda não há acusação ou mesmo confirmação das suspeitas levantadas pela PF.

Investigação sobre o dinheiro começou com outro inquérito

A quebra de sigilo bancário aconteceu quando a PF atuava no caso que apurava o vazamento de uma investigação sobre um hacker no Tribunal Superior Eleitoral(TSE). A apuração foi compartilhada por Moraes e agora tramita no inquérito das milícias digitais.

Nessa investigação, o principal ajudante de ordens de Bolsonaro virou alvo por ter atuado no episódio. Ele teve o sigilo telemático (e-mails, arquivos de celular e nuvem de armazenamento) quebrado por ordem de Moraes. Foi quando a PF se deparou com movimentações financeiras que considerou suspeitas.

Nas conversas por aplicativos de mensagens, integrantes da Ajudância de Ordens trocam recibos de saques e depósitos além de boletos. Entre eles, o pagamento de uma fatura de plano de saúde de um parente do casal presidencial.

Em outro caso, há pagamento fracionado para uma tia de Michelle, que cuida da filha de Bolsonaro, Laura, quando a primeira-dama está em compromissos ou em viagens. Os depósitos fracionados e saques em espécie chamaram a atenção da polícia, que desconfia da tentativa de ocultar a procedência do dinheiro.

A investigação busca saber se despesas particulares podem ter sido bancadas com dinheiro público. Uma das hipóteses  é que as transações poderiam ter origem em valores dos cartões corporativos da Presidência.



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