Povos indígenas de Pernambuco entregam demandas à futura nova presidente da Funai Joênia Wapichana

Um grupo de quase 20 indígenas de vários povos de Pernambuco participaram de conversa com a nova presidente da Funai e apresentaram as reivindicações da comunidade indígena do Estado
Adriana Guarda
Publicado em 27/01/2023 às 18:29
Indígenas de Pernambuco participaram de reunião com a nova presidente da Funai, Joênia Wapichana Foto: Lohana Chaves/Funai


Lideranças de pelo menos oito povos indígenas de Pernambuco participaram de uma parimeira reunião com a futura presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, em Brasília. Primeira mulher indígena a ocupar o cargo, ela assumirá oficialmente quando concluir o mandato de deputada federal por Roraima, no início de fevereiro. 

O vice-cacique do povo Pankararu e coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Vasco Sarapó, diz que a reunião com a presidente da Funai, na última terça-feira (24), surgiu a partir de uma demanda dos caciques de Pernambuco. Nos dias 13 e 14 deste mês foi realizado o Fórum de Caciques, em Ibimirim (Sertão), e dessa discussão saíram algmas demandas federais e estaduais.

"A presidente nos atendeu muito bem e uma da demandas que levamos foi o retorno da coordenação regional da Funai em Pernambuco, que é um dos nossos principais gargalos atualmente. Desde 2009, um decreto que reestruturou a Funai, deixou Pernambuco sem unidade gestora da Funai. Então, hoje, uma parte dos povos indígenas é atendido por Paulo Afonso, na Bahia, na Coordenação Regional do Baixo São Francisco e outra parte é atendido por Maceió, na Coordenação Regional Nordeste 2", destaca Sarapó.

Lohana Chaves/Funai - Indígenas de Pernambuco participaram de reunião com a nova presidente da Funai, Joênia Wapichana

O vice-cacique Pankararu explica que esse fechamento da coordenação local implica na dificuldade em receber recursos da Funai e de viabilizar projetos alinhados com a identidade dos povos indígenas de Pernambuco. 

"Isso tem inviabilizado a nossa luta. Nós que somos a quarta maior população indígena do País não  podemos dialogar com as forças políticas do Estado porque acabou o nosso protagonismo perante a Funai. Nós temos que buscar apoio em Paulo Afonso e Maceió, que não têm nada a ver com o nosso Estado e com as nossas necessidades. Nós dividimos as demandas com esses povos da Bahia e de Alagoas sem que tenha chegado mais recursos para essas duas coordenações por conta disso", observa. 

Segundo Sarapó, a futura presidente da Funai ouviu com atenção e disse que vai priorizar o problema. "Levando em consideração que já temos o prédio próprio da Funai no Recife, será possível sim trazer a Coordenação Regional de volta para Pernambuco. Os povos indígenas do Estado sempre trabalham no coletivo e, no momento em que o atendimento aos povos acontece em outros Estados, causa um transtorno e um retrocesso muito grande para nós", reforça a cacica Dorinha Pankara, que também esteve no encontro em Brasília.  

ORÇAMENTO NANICO

Por outro lado, Joenia Wapichana também falou das dificuldades financeiras da Funai. "Ela falou que o orçamento da Fundação é de R$ 600 milhões por ano, o que inviabiliza o trabalho da fundação. Em função disso, afirmou que precisa da nossa compreensão e do apoio das organizações indígenas, como a Apoinme. A gente também se prontificou a colaboarar e solicitar apoio junto a Sônia Guajajara (ministra dos Povos Indígenas), e aoproprio presidente Lula", diz Sarapó.  

Outra demanda dos povos indígenas de Pernambuco à futura presidente da Funais foi em relação à regulação fundiária do território. Ainda são muitas as áreas à espera de regulamentação e isso também depende do fortalecimento da Funai, que durante anos foi sucateada e desaparelhada. 

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