A professora Rita de Cássia foi uma das feridas no ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro. Com curativo no braço esquerdo, onde foi atingida por uma facada, a docente afirmou nesta terça ser preciso tomar medidas urgentes para evitar novas tragédias do tipo.
"Os alunos estão muito mexidos, todos eles. Isso não pode voltar a acontecer", disse ela, ao passar pelo enterro da colega, Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, que foi assassinada no atentado. No funeral, "vovó Beth" foi aplaudida por amigos, parentes e colegas.
Para Rita de Cássia, o autor do atentado se parecia com qualquer outro aluno. Ela diz se recordar de pouca coisa do momento em que foi atacada, mas se lembra de ver marcas de sangue no chão. A educadora também afirma que a tragédia poderia ter sido maior se o assassino estivesse com uma arma de fogo.
Ao lado do corpo da docente de 71 anos, na capela do Cemitério do Araçá, também estava a professora de Educação Física Cíntia Barbosa, que se emocionava a cada um dos alunos que iam abraçá-la.
Ela foi responsável por imobilizar o agressor enquanto outra docente, Sandra Pereira, conseguiu retirar a faca das mãos do aluno. "Obrigado por ter vindo prestar homenagem para a professora Beth", dizia.
Logo em seguida, era novamente cumprimentada por professores e pais. "Obrigado por ter evitado algo ainda pior com tanta criança", disse um pai. Com a voz embargada, a educadora mal respondia.
"É verdade…, obrigada…". Eram as poucas palavras que Cíntia conseguia articular em meio aos elogios. "Agora é hora de prestar nossa homenagem para a professora Bete… um exemplo", disse ela.
Na cerimônia, o genro de Elisabeth lembrou que ela era "corintiana roxa e sambista fanática admiradora da Tom Maior."
O hino da escola foi cantado enquanto o corpo era sepultado. Fã de carnaval, a professora tinha afinidade com outra agremiação, a Pérola Negra. Na hora da saída para o enterro, houve sirenes da Guarda Civil e salva de palmas.
Mais cedo, dezenas de estudantes se reuniram em uma vigília no portão da Escola Estadual Thomazia Montoro, Os grupos levaram cartazes, flores e velas para prestar homenagem à professora de Ciências. Um dos cartazes tinha a foto da educadora e a mensagem: "Chega de violência!!!" O encontro foi marcado por choro e comoção.
Além de estudantes, moradores do bairro e pessoas comovidas com a brutalidade do episódio também participaram da vigília a poucas quadras da Estação Vila Sônia do Metrô.