A Polícia Federal encontrou oito corpos na região da comunidade yanomami Uxiu, em Roraima. No sábado, um indígena foi morto e dois ficaram feridos durante um ataque a tiros na área. No dia seguinte, uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) resultou na morte de quatro garimpeiros A PF investiga as circunstâncias das mortes. A corporação não informou se os corpos são de indígenas ou de garimpeiros.
A PF já apura o ataque ocorrido no sábado. Na ocasião, segundo relatos, homens encapuzados atiraram contra indígenas. Ilson Xirixana, que atuava como agente de saúde, levou um tiro na cabeça e não resistiu.
Outros dois indígenas feridos foram levados ao Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, e passam bem Equipes da PF foram deslocadas para o local, onde ouvem testemunhas e fazem perícias.
Além disso, o Ministério da Justiça enviou uma comitiva para o território yanomami. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana, Júnior Hekurari Yanomami, afirmou no Twitter que o ataque a tiros teria partido de garimpeiros.
No domingo, quatro garimpeiros foram mortos durante uma ação conjunta da PRF e do Ibama na área. Segundo a corporação, agentes foram recebidos a tiros por garimpeiros ilegais enquanto desembarcavam de aeronave no local. De acordo com a PRF, os quatro mortos estavam "munidos de armamento de grosso calibre".
Foram apreendidos, no domingo, um fuzil, três pistolas, sete espingardas e duas miras holográficas, além de munições de diversos calibres, carregadores e outros equipamentos bélicos. A PF também investiga esse caso. Até agora, já são 13 mortos na região da reserva yanomami no Estado.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva convocou anteontem uma reunião interministerial para traçar ações emergenciais e concluir a retirada dos garimpeiros das comunidades yanomamis.
O trabalho teve início em fevereiro na Operação Libertação. Segundo o governo, 75% dos garimpeiros já deixaram os territórios indígenas, mas uma parcela vêm resistindo, com violência, a obedecer à orientação de saída voluntária.
"A nossa preocupação é que tudo aconteça da forma mais pacífica possível. A gente não está incentivando esses conflitos. A gente quer amenizar essa situação. Nós não queremos derramamento de sangue", disse a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que a abordagem do governo tem sido "humanitária", mas defendeu a responsabilização dos garimpeiros que investem contra as comunidades indígenas e dos financiadores dessas ações. Segunda, Marina e Sonia sobrevoaram a região da reserva yanomami.
Um grupo formado por representantes dos ministérios dos Povos Indígenas, do Meio Ambiente, da Justiça e Segurança Pública, da Saúde, da Defesa e dos Direitos Humanos está em Roraima acompanhando a situação.