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Homem atira em rodoviária, fere 2 e mantém 16 reféns em ônibus por 3h

Criminoso estaria tentando fugir do Estado por rixa entre facções criminosas

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Estadão Conteúdo

Publicado em 12/03/2024 às 22:31
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Um homem manteve ontem 16 passageiros de um ônibus intermunicipal reféns por cerca de 3 horas, no Terminal Rodoviário do Rio. Antes de se entregar, ainda quando assumiu o controle do veículo, ele feriu duas pessoas, e uma delas ficou em estado grave. A suspeita é de que estaria tentando fugir do Estado, por uma rixa entre facções criminosas, e imaginou estar sendo seguido por policiais à paisana.

O criminoso foi identificado como Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, teve a arma apreendida e acabou levado para a 4ª Delegacia de Polícia. Segundo a PM, ele tem duas passagens por roubo e ficou preso de 2019 a março de 2022 - tendo sido beneficiado por progressão de pena. Em entrevista à GloboNews, o secretário da Polícia Militar, coronel Henrique Marinho Pires, afirmou que o sequestrador é morador da Favela da Rocinha.

Informações preliminares apontam que ele estaria fugindo do Rio para Minas, por causa de problemas com membros da facção criminosa da qual faz parte e que invadiu a Favela da Muzema, na zona oeste. Ele comprou a passagem em dinheiro e entrou no terminal armado com uma pistola 9 mm, por volta das 15h. Mas começou a desconfiar de que estaria sendo seguido por policiais à paisana.

COMO FOI

Neste momento, Lima sacou a arma e começou a atirar. Houve tumulto e gritaria na rodoviária, que chega a receber 38 mil passageiros diariamente. Bruno Lima da Costa, de 34 anos, foi baleado três vezes no tórax e no abdome. A polícia acredita que o criminoso imaginou que ele fosse um policial. O paciente foi socorrido rapidamente, em estado grave de saúde, e passou por cirurgias com três equipes médicas ainda na tarde de ontem, no Hospital Municipal Souza Aguiar, na capital. Ele recebeu seis bolsas de sangue e seu quadro se mantinha grave no início da noite.

A polícia relatou uma segunda vítima, que teria sido atingida por estilhaços - ou por uma bala de raspão, segundo a versão de algumas testemunhas. Conforme o major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros, a vítima recebeu atendimento na própria rodoviária e foi liberada, preferindo continuar o tratamento em uma clínica particular, já que o ferimento era superficial.

A aposentada Cleuza Aparecida relatou à TV Brasil que o momento foi de muita apreensão e nunca tinha visto algo semelhante na Rodoviária do Rio. "Um caos, faz 40 anos que eu viajo pela Novo Rio e nunca aconteceu isso. Eu estava perto do ônibus que foi sequestrado. Uma menina mandou todo o mundo que estava lá perto se esconder no banheiro."

O eletricista Jorge Nascimento Lopes disse que comprava a passagem quando começou a escutar os tiros. "Daí, foi uma correria e a polícia colocou todo o mundo para fora da rodoviária, porque a gente ficaria mais protegido assim."

NEGOCIAÇÃO

Logo na sequência, Lima subiu no ônibus da empresa Viação Sampaio, que ia para Juiz de Fora, em Minas Gerais. A empresa havia vendido 43 passagens (37 em poltronas comuns e 6 leitos), mas nem todos haviam embarcado quando o sequestro começou.

A polícia decidiu esvaziar o terminal rodoviário (antes chamado de Novo Rio) para as negociações. O coronel Pires disse que o criminoso apresentava um comportamento agressivo enquanto mantinha os passageiros reféns e negociava com a PM. Houve relato de tiros contra dois agentes do Bope às 17h, mas, à medida que o batalhão tomava a frente das ações, o sequestrador foi ficando mais calmo. Ele se rendeu por volta das 18h.

O porta-voz da PM, Marcos Andrade, disse que todos os reféns foram libertados sem ferimentos e depois atendidos pelo Corpo de Bombeiros. Entre eles, havia uma mãe com uma criança de colo e vários idosos. "Chegamos ao melhor resultado possível, com o criminoso preso, e os reféns libertados sem ferimentos."

O governador do Rio, Cláudio Castro, usou a rede social X (ex-Twitter) para dizer que monitorava a situação e pediu dedicação máxima às forças policiais. Já o prefeito, Eduardo Paes, ressaltou que todo o entorno da rodoviária estava fechado, e que equipes da Prefeitura estavam orientando motoristas na região.

ATRASO

Após o fim do sequestro, o primeiro ônibus que saiu da rodoviária partiu rumo a São Paulo. O embarque de passageiros ocorreu fora da rodoviária, na Rua Equador. A viagem, que estava prevista para 15h30, ocorreu às 17h52. Por volta das 19h, houve um princípio de confusão, com pessoas tentando abrir as portas da rodoviária. A prefeitura chegou a orientar que passageiros que tinham passagem para a noite remarcassem a viagem.

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