A Polícia Federal prorrogou, até janeiro do ano que vem, as investigações da Operação Lesa Pátria, apuração permanente sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A corporação já abriu 28 fases da ofensiva, a mais recente delas no último dia 20, no rastro de financiadores do 8 de Janeiro e de bloqueios em rodovias após as eleições de 2022.
Quando as primeiras etapas da operação foram deflagradas - dias após os ataques na Praça dos Três Poderes -, o foco principal era localizar e prender os executores dos atos de vandalismo. Até agora, pelo menos 97 investigados ou condenados estão presos, entre eles Antônio Cláudio Alves Ferreira, acusado de destruir o relógio de D. João VI no Palácio do Planalto. Na semana passada, Ferreira foi sentenciado a 17 anos de prisão, a pena "padrão" que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem aplicado aos acusados. A defesa de Ferreira não foi localizada.
As fases mais recentes da investigação, por sua vez, miram os financiadores e incitadores dos ataques em Brasília, entre eles os empresários de Santa Catarina Horst Bremer Junior e Lilian Bremer Vogelbacher, diretores do grupo Bremer.
No fim de maio, a Procuradoria-Geral da República denunciou Bremer Jr., Lilian Bremer e outros sete suspeitos de ligação com os bloqueios de rodovias. O Estadão procurou a defesa dos empresários, mas não houve resposta.
Crimes
Entre os crimes investigados na Lesa Pátria estão abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
De acordo com a PF, nos dias que sucederam os atos golpistas na capital federal, foram realizadas 1.393 prisões em flagrante. A primeira fase da operação ocorreu no dia 20 de janeiro de 2023, 12 dias após os ataques. Na ocasião, cinco suspeitos foram detidos.