Na véspera do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) atualizou ontem o número de candidatos que terão as provas adiadas para dezembro - de uma previsão inicial de 191 mil, o total passou para 240 mil, considerando 364 locais de prova que permanecem ocupados pelos estudantes secundaristas. Caso outros colégios sejam ocupados até a manhã de hoje, a avaliação também deverá ser cancelada nesses lugares. Os coordenadores locais terão autonomia para suspender a prova, em caso de tumulto.
Dessa forma, o número final de candidatos que farão o Enem em dezembro - por ora, 2,7% do total - só será conhecido na segunda-feira. E deve aumentar: no Rio, por exemplo, há 12 unidades de ensino na lista do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão subordinado ao MEC e responsável pela prova. No entanto, pelo menos mais uma escola, ocupada na noite de anteontem, também não terá provas: a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), na Urca, zona sul da cidade.
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Em Minas, o Ministério Público Federal entrou com ação para exigir que se garanta que todos os concorrentes façam o exame hoje e amanhã, mesmo em escolas ocupadas. Não houve decisão da Justiça até as 20h. Em locais como a PUC-MG, tanto direção quanto ocupantes garantem que a invasão não atingirá os locais de prova, mas a aplicação do exame ainda dependerá de uma vistoria hoje.
Os afetados pela mudança estão sendo avisados por SMS, e-mail e pela página do participante, no site e no aplicativo do Enem. Os candidatos podem tirar dúvidas pelo 0800-616161 (discagem gratuita). Segundo o levantamento mais recente do MEC, os 364 locais de prova ocupados estão em 139 municípios de 19 Estados e Distrito Federal. Não há mais levantamentos de entidades estudantis e docentes - a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) passou a relatar apenas o número de faculdades tomadas pelo País: 170.
"Estamos atentos a todo e qualquer evento que possa comprometer a segurança da prova", disse a presidente do Inep, Maria Inês Fini. O ministro da Educação, Mendonça Filho, informou que ligaria ontem para governadores para alertá-los e reforçar a atuação da PM. "A preservação do exame e a sua inviolabilidade são questões fundamentais", disse.
Prova em dois meses
Por isso, o ministério optou por cancelar o Enem mesmo em escolas onde a ocupação está concentrada em apenas um cômodo. "O risco é altíssimo. Se tivermos de adiar o Enem para 500 mil candidatos, tudo bem", afirmou Mendonça.
Sobre a hipótese de haver ocupação de sábado para domingo, também não está descartado que o candidato que tiver realizado o primeiro dia de provas só preste a segunda etapa em 4 de dezembro. O ministro explicou que as duas versões se equivalem, por apresentarem uma formação técnica - a chamada Teoria de Resposta ao Item.
Ele ainda reiterou a impossibilidade de adiar a prova para todos os inscritos (mais de 8 milhões), alegando que não haveria tempo hábil para computar a correção do total de resultados a tempo de cumprir o cronograma das próximas etapas, como a inscrição no Sisu e nos programas ProUni e Fies.
O custo adicional de outra versão da prova, hoje estimado em R$ 2 milhões, também deve aumentar, segundo a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro. O esforço da pasta, agora, é para procurar novos locais para a aplicação do exame, o que pode ser um desafio: a nova data coincide com uma série de outros importantes vestibulares, como os de PUC-SP, PUC-RS, UFSCar e UFRR.