O dinheiro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para pagar despesas com limpeza, energia e bolsas de monitoria e de extensão acaba este mês. Para segurança e água, está garantido até junho. Até agora, referente a este ano, o Ministério da Educação (MEC) liberou 40% do orçamento previsto para manutenção (custeio), ou R$ 60 milhões. A expectativa é de que até o dia 31 haja o repasse de mais 30% (R$ 50 milhões), o que possibilitará o funcionamento da universidade até setembro. Caso o contingenciamento dos outros 30% restantes (R$ 50 milhões) seja mantido pelo governo federal, a instituição não tem verba a partir de 1º de outubro, o que provocará suspensão das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
O contrato de limpeza custa cerca de R$ 17 milhões anuais. Expira no último dia deste mês. Já foram empenhados (dinheiro garantido) R$ 9 milhões. Faltam R$ 8 milhões. O valor da conta de energia varia, mas a média mensal é de R$ 2,2 milhões, para os três câmpus (Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru) e no período regular de aulas.
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“A conta de energia de maio vence dia 19 de junho. Até o momento não temos dinheiro para pagar”, afirma o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPE, Thiago Galvão. Para bolsas de monitoria e de projetos de extensão voltadas para alunos de graduação são necessários, ao ano, R$ 14 milhões. A universidade só dispõe de R$ 6,5 milhões. São 1.200 bolsistas (900 de monitoria e 300 de apoio acadêmico).
Isabela Lima, 26 anos, aluna do 7º período de odontologia, e Camila Câmara, 23, do 10º período, recebem bolsa de R$ 380 por mês. Terão direito ao benefício até agosto porque são monitoras da disciplina de periodontia. Estão preocupadas com a possibilidade de não receber a partir de junho. “Gastamos muito com material. Tem semestre que chega a R$ 6 mil. A bolsa ajuda”, diz Isabela. “Vai fazer falta. Muitas vezes nos endividamos para comprar o instrumentário”, afirma Camila.
O aluguel de prédios é outra preocupação do pró-reitor. Os imóveis onde hoje funcionam o curso de medicina, em Caruaru, e o dos cursos de educação física, biologia, enfermagem e saúde coletiva de Vitória custam R$ 1,3 milhão ao ano. A verba disponível, R$ 500 mil, acaba este mês. Com água, a UFPE gasta em média R$ 1 milhão ao ano. Metade deste valor está assegurada até junho.
VIGILÂNCIA
Para garantir a segurança dos três câmpus – 1,8 milhão de metros quadrados, sendo 582 mil metros quadrados de área construída – a universidade emprega 214 vigilantes terceirizados e 120 seguranças efetivos. Segundo Thiago Galvão, a despesa anual com os terceirizados é de R$ 14,7 milhões. “Já empenhamos, até junho, R$ 7 milhões”, explica. Os R$ 7,7 milhões restantes ainda não foram repassados pelo MEC.
“Os vigilantes terceirizados trabalham armados, nossos servidores, não. A UFPE tem 50 mil pessoas. A segurança funciona 24 horas, não pode haver interrupção”, alerta o superintendente de Segurança Institucional, Armando Nascimento.