Prevenção

Barco que monitora tubarões na costa do Estado voltou ao mar

O retorno aos trabalhos, interrompidos desde dezembro, se deu após o repasse, na última quarta-feira (24), de R$ 1,8 milhão por parte da SDS

Do JC Online
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Publicado em 26/07/2013 às 21:15
Foto: Clemilson Campos/JC Imagem
O retorno aos trabalhos, interrompidos desde dezembro, se deu após o repasse, na última quarta-feira (24), de R$ 1,8 milhão por parte da SDS - FOTO: Foto: Clemilson Campos/JC Imagem
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Já bastaram os sete meses fora de operação por conta da demora na liberação da verba do governo estadual. Na hora marcada, pontualmente às 15h desta sexta-feira (26), o barco Sinuelo finalmente zarpou de um estaleiro em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, para uma varredura de seis dias pelas praias do Grande Recife em busca de tubarões. O retorno aos trabalhos, interrompidos desde dezembro, se deu após o repasse, na última quarta-feira (24), de R$ 1,8 milhão por parte da Secretaria de Defesa Social (SDS). A embarcação partiu com uma equipe multidisciplinar de cinco pessoas e retorna à costa na próxima quarta-feira (31).

A retomada dos trabalhos, apesar da coincidência temporal, não tem nenhuma relação direta com a morte da turista paulista Bruna da Silva Gobbi, 18 anos, que passava férias em Pernambuco e foi atacada por um tubarão enquanto se banhava em Boa Viagem, a 20 metros da faixa de areia, na segunda-feira passada.

A equipe – formada pelo mestre do barco, um engenheiro de pesca, dois auxiliares de convés e um cozinheiro – lançou no fim da tarde de ontem dois espinhéis com 100 anzóis de 4 quilômetros cada e 20 linhas de espera em dois pontos, um em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e outro perto da foz do Rio Jaboatão.

Os equipamentos vão abranger um perímetro entre o Pina, na capital, e o Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. “Os espinhéis e as linhas de espera são instrumentos de pesca utilizados para interceptar tubarões agressivos”, explicou o presidente do Instituto Oceanário, Alexandre Carvalho.

Os espinhéis são um primeiro escudo e ficam posicionados a cerca de 2,5 quilômetros da costa, a uma profundidade que varia entre 14 e 16 metros, a depender da maré. As linhas de espera, por sua vez, são colocadas mais perto da praia, em média 800 metros, a uma distância vertical que vai de quatro a seis metros.

De acordo com o biólogo português André Afonso, há cinco anos morando no Estado, onde cursa doutorado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), os aparelhos de pesca passam a noite dispostos nas águas com o intuito de capturar os animais da espécie tigre e cabeça-chata, responsáveis pelos ataques a banhistas e surfistas na Região Metropolitana. “Os tubarões são mais ativos no período noturno”, salientou. Às 5h deste sábado (27), o Sinuelo volta ao local para verificar se houve captura. O processo se repetirá até a quarta-feira, quando a embarcação retorna. O Sinuelo fará o mesmo trabalho a cada semana.

Atuando desde 2004, o barco já foi responsável pela captura de 60 tubarões-tigre e 14 do tipo cabeça-chata. A média costuma ser de uma captura por mês. “Não é garantia a gente conseguir pegar um animal. Não é ciência exata. A captura é algo raro. Acreditamos que há um declínio das populações em razão da sobrepesca”, afirmou Carvalho.

Os animais apreendidos pelos aparelhos receberão sensores acústicos e por satélite e terão seus passos monitorados pelo Cemit. Em seguida, serão levados pelo Sinuelo a uma área 37 quilômetros distante da costa. “Nenhum tubarão marcado até agora retornou à costa. Estudamos seu comportamento e eles costumam migrar no sentido norte, por causa da tendência das correntes marítimas”, ressaltou.

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