O primeiro presídio de Araçoiaba, na Região Metropolitana do Recife (RMR), começará a ser construído em setembro e a previsão do governo do Estado é que esteja pronto em dezembro de 2015. A população da cidade está dividida. Alguns moradores acreditam que a unidade prisional – que terá sete blocos e capacidade para 2.754 detentos, entre homens e mulheres – pode significar um sopro de oportunidades no município com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da RMR (0,59) e cuja metade do território de 96 quilômetros quadrados ainda é ocupada por engenhos de açúcar. Outros têm medo de estarem na rota de eventuais tentativas de fuga dos detentos.
O caso mais emblemático é o do Loteamento Bom Jesus, lugar mais próximo à área onde será construído o presídio. Entre os dois locais, apenas uma estrada de barro de quatro quilômetros margeada por hectares e mais hectares de canaviais. Todos os moradores do bairro estão cientes dos novos vizinhos que terão no final de 2015. “Preso é tudo igual, foge de qualquer cadeia. E se vierem parar aqui nas nossas casas? Quem garante nossa segurança?”, pergunta, temerosa, a doméstica Paula dos Santos, que mora com o marido e sete filhos numa casa de três cômodos e chão de terra batida. Seu vizinho, o serrador José Sebastião, desdenha de possíveis encontros com presos foragidos. “Quem foge vai pra qualquer canto, não necessariamente virá para o nosso bairro. Sou totalmente indiferente em relação à construção desse presídio.”