Urbanismo

Bairro do Recife ganha novos empreendimentos e pede mais infraestrutura

Comerciantes e lojistas se queixam de falta de policiamento, arrombamentos e mau cheiro nas ruas. De 2013 a 2014 foram abertos 58 pontos comerciais no lugar

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 11/01/2015 às 8:30
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Uma caminhada pelas ruas do Recife Antigo é o bastante para ver que o bairro mudou. Prédios fechados se abriram para o público, com centro cultural, museu, restaurante, bar, sorveteria, café e salão de beleza. Só a ciclofaixa móvel, implantada em março de 2013, leva 17 mil pessoas ao bairro, a cada domingo. O desafio, agora, é manter a ocupação e harmonizar os eventos com as atividades já existentes no local, inclusive moradia.

Com a menor renda per capita da cidade – o rendimento médio mensal dos domicílios é de apenas R$ 567 – e uma população de 602 habitantes (IBGE), o Bairro do Recife recebeu 58 novos empreendimentos comerciais nos dois últimos anos (2013-2014). Comerciantes e comerciários estão empolgados com a movimentação, mas queixam-se de falta de segurança e do mau cheiro de urina e esgoto nas ruas.

Proprietário de restaurante na Rua da Guia, Carlos Moura teve o imóvel arrombado quatro vezes, de agosto a dezembro de 2014. “Entraram pelo telhado e carregaram bombom, sorvete e comida. Tive de colocar um alarme eletrônico para acabar com os furtos”, diz. Segundo ele, nenhuma câmera de segurança das vias públicas gravou imagens dos assaltantes.

As invasões, informa, são sempre na madrugada. “Prestei queixa na delegacia, pedi as imagens e até agora não tive resposta. Tanta câmera nas ruas e não há registro. Isso é um problema a ser corrigido”, destaca Carlos Moura. Mas a segurança, acrescenta o comerciante, não é feita só com o policiamento. “Ela depende dos eventos realizados no bairro, a prefeitura e os investidores também têm essa responsabilidade.”

Jorge Henrique Gomes, proprietário da lanchonete As Galerias, fundada há 86 anos e agora instalada na Praça do Arsenal, pede reforço na segurança, principalmente nas pontes. “O Bairro do Recife é uma ilha, não é tão complicado assim fazer esse controle”, declara. “Podiam colocar viaturas nas cabeceiras das pontes, motos para circular nas ruas e policiais no meio dos elevados”, sugere.

Funcionária de uma casa de doces na Avenida Marquês de Olinda, Érica Braga relata tentativas de assalto na Ponte Maurício de Nassau, na saída do trabalho. “Eu já levei uma carreira na ponte, de um homem segurando uma faca”, conta. “Deixamos de abrir aos sábados depois de presenciar muitos assaltos na parada de ônibus em frente à loja.”

Atraída pelo crescimento econômico do bairro, Luana Siqueira inaugurou um salão de beleza na Avenida Rio Branco (fechada para pedestre) há pouco mais de um mês. O ponto, é bom, mas a sujeira da rua atrapalha, diz ela. “As ruas fedem a xixi, é muito desagradável porque a circulação no Recife Antigo é feita a pé, as pessoas saem do trabalho e vão andando ao banco, ao restaurante e às lojas, sentindo esse mau cheiro”, avisa.

Na Rua Mariz e Barros, um esgoto entupido depõe contra a vocação turística que vem sendo estimulada no local. “O mau cheiro é horrível, perdemos 80% dos clientes nesses dias. O prejuízo é grande e isso se repete há um ano”, afirma Gryslaide Queiroz, funcionária do Bar Royal, em atividade no Bairro do Recife há 70 anos.

O cheiro do esgoto também entra no mercadinho localizado na esquina da Mariz e Barros com a Rua da Moeda, junto do trailer da Polícia Militar. “O fedor e a falta de segurança são grandes problemas. Só tem policial à noite no posto e, assim mesmo, não dá conta de tudo”, diz Magno Gomes, funcionário do mercadinho.

“Com mais investimentos, cresce a exigência por mais infraestrutura”, analisa Eduardo Lemos Filho, administrador do Armazéns do Porto, espaço de entretenimento e lazer inaugurado em outubro de 2014 no cais, junto da Praça do Marco Zero. “Muita gente voltou a frequentar o bairro, o desafio do poder público e da iniciativa privada é tornar isso definitivo. Alguns ajustes precisam ser feitos, mas já estamos conversando com a prefeitura. E também com a Celpe, sobre as quedas de energia.”

 

 

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