A moradia no Bairro do Recife está concentrada na comunidade do Pilar, perto do prédio-sede da prefeitura. Saindo de lá, poucos são os habitantes do lugar onde nasceu a capital pernambucana e eles questionam ações adotadas pelo município, como a frequente interdição de vias para festas. “Isso é cercear o direito do morador de entrar e sair do seu bairro”, observa o arquiteto Marcos Simão, que vive na Rua do Apolo há mais de dez anos.
Ele vê com ressalvas a explosão de equipamentos culturais e de eventos no Recife Antigo. “O bairro foi transformado num parque de diversões e isso não deveria ser um objetivo de governo, porque o lugar deixa de ser atrativo para moradia e escritórios, por causa do barulho”, pondera. “O constante fechamento de ruas também atrapalha o comércio”, acrescenta.
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De 2000 a 2010, o IBGE registrou taxa negativa de crescimento anual da população no Bairro do Recife, –4,20%. Apesar de ser uma área histórica, ainda há muitos prédios vazios na localidade. “A ocupação depende de reformas e o custo da intervenção não é barato porque os imóveis são grandes, com três e quatro pavimentos. São próprios para habitação multifamiliar e não individual”, comenta.
Com casa na região há 20 anos, o artista plástico Marcelo Silveira disse que o Bairro do Recife ficou impraticável para moradia. “É uma pena, um local tão bonito, mas entra prefeito e sai prefeito e não aparece um urbanista que pense no lugar como um todo”, lamenta Marcelo Silveira.
Enquanto a diversão aumenta, moradores do Pilar esperam desde 2010 pela construção do conjunto habitacional prometido pela prefeitura. Das 558 unidades previstas, só 84 foram entregues. A previsão da Empresa de Urbanização do Recife (URB) é concluir mais 108 até o fim deste ano, em três blocos de apartamentos.
VISITA
De passagem pela cidade, as amigas Dalva Cavalheri e Maristela Ribeiro, moradoras de Espírito Santo do Pinhal (SP), visitaram o bairro e se declararam apaixonadas pelo Recife. “É tudo lindo, só não gostei da modernização dos armazéns do Porto. O uso está ótimo, mas podiam ter feito apenas a restauração, mantendo o prédio como era. A modernização doeu”, diz Dalva.
Elas programaram visitas a equipamentos culturais, como o Paço do Frevo e o Museu Cais do Sertão, que exibe acervo do músico Luiz Gonzaga (1912-1989), e posaram para fotos na Praça do Marco Zero.