A tromba d'água que atingiu a praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, no último domingo (1º), foi causada por uma série de fatores climáticos atípicos na costa pernambucana. O fenômeno está ligado a condições de temperatura alta no oceano, formação de nuvens cumulus nimbus e a um movimento chamado de vórtice sobre o mar, que causa o efeito de redemoinho. De acordo com o geógrafo Lucivanio Jatobá, as chances de uma nova tromba-dágua se formar no litoral do Estado são muito baixas. "Pode se repetir, mas estatisticamente seria uma raridade. Caso as condições para formação se repetirem, há uma possibilidade", explica.
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Apesar de ter sido de baixa intensidade, com ventos com velocidade inferior a 70 km/h, o geógrafo chamou atenção para o comportamento dos banhistas que aguardaram a chegada da tromba d'água para sair do local. "As pessoas precisam se abrigar em algum lugar que possa dar o mínimo de segurança. Se fosse um tornado clássico, que é aquele em que os ventos superam 70 km/h, eles correriam sério risco de vida", explicou. O Corpo de Bombeiros não registrou feridos no momento do fenômeno. Confira a entrevista na íntegra à Rádio Jornal:
Na internet, os usuários das redes sociais comentaram o fenômeno, que denominaram minitornado, e publicaram alguns vídeos. Nas imagens é possível ver o susto causado em quem estava na praia no momento do ocorrido. Folhas de coqueiro e objetos voaram e as varandas dos apartamentos ficaram cheias de areia. Confira uma compilação de vídeos do momento do fenômeno.
“Foi assustador, estava saindo do prédio na beira-mar. Voaram cadeiras, guarda-sóis, as folhas dos coqueiros se soltaram e até uma criança pequena foi jogada pelo forte vento. Muitas pessoas saíram correndo e gritando por socorro”, diz a gestora Vanessa Quechua, moradora do Edifício Julius, na Bernardo Viera de Melo.
Outra coisa que chamou a atenção de quem presenciou a tromba-d’água foi o fato de que a ventania e as nuvens vinham no sentido de Boa Viagem para Piedade. “Impressionante. Nunca vi nada parecido. Vi a ventania passando pelos prédios, levando folhas, areia. Ela se dissipou depois da Bernardo Vieira de Melo quase indo para as três faixas”, lembra o corretor de imóveis, Fernando Souza. Ele mora em Piedade há 10 anos.
MAIS CHUVA
De acordo com último relatório da Apac, nuvens oceânicas densas têm atingido o litoral no momento. As chuvas devem continuar até esta segunda-feira (2), pois a região está sendo atingida por dois sistemas climáticos: a Zona de Convergência Intertropical e o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, que está se deslocando em direção oeste.
OUTROS FENÔMENOS
Com o fenômeno, o medo de novas ocorrências naturais trazerem danos ao litoral pernambucano pode ser levantado, mas é necessário cautela. Lucivanio Jatobá falou sobre a possibilidade de um tsunami no litoral pernambucano. Podem ficar tranquilos, as chances de um fenômeno do tipo acontecer no Estado são próximas a zero. Confira a entrevista.