Greve

Professores denunciam assédio moral do governo do Estado

Categoria cobra interferência do Ministério Público no afastamento de 15 docentes de escolas de referência

Do JC Online
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Publicado em 23/04/2015 às 20:27
Foto: Fernando da Hora/JC Imagem
Categoria cobra interferência do Ministério Público no afastamento de 15 docentes de escolas de referência - FOTO: Foto: Fernando da Hora/JC Imagem
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O auditório da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) ficou pequeno para tanta gente e muitos professores e alunos da rede estadual acabaram acompanhando do pátio audiência pública onde denunciaram assédio moral e perseguição por parte do governo do Estado, na tarde desta quinta-feira. A Rua da Aurora chegou a ser bloqueada pelos estudantes.

Os docentes cobraram interferência do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) com relação ao afastamento de 15 profissionais de escolas de referência por participação na greve, iniciada no dia 10; descumprimento de legislação pelo não pagamento do piso da categoria; e falta de estrutura de trabalho.

Representante do MPPE, o promotor Marco Aurélio se comprometeu a buscar a retomada do diálogo com o Estado e disse ter visto nos depoimentos fortes indícios não só de assédio moral mas institucional. A promotora do MPT Melícia Carvalho se dispôs a colaborar. O presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe, Edilson Silva, propôs um comitê de solidariedade, com apoio de artistas e esportistas. 

Há sete anos trabalhando na Escola de Referência de Ensino Médio (Erem) Trajano de Mendonça, em Jardim São Paulo, a professora Nathaly Costa estava atordoada com seu afastamento. “Sou uma profissional bastante premiada, inclusive pelo Estado. Mantenho um projeto de recuperação de auto-estima na comunidade que divulga a instituição e atrai empresas privadas. Onde está meu erro?”, questionou. "Estou desesperada, aflita. Mas vou sair dessa melhor e mais forte. E estou dando um bom exemplo aos meus alunos".

A professora Kátia Cunha, da Escola Técnica Estadual (ETE) Goiana, afirmou ter adoecido com o afastamento, por considerá-lo injusto e ilegal. “Passei em primeiro e terceiro lugares em dois concursos públicos e agora meus alunos me perguntam se fui expulsa”, narrou, indignada. "R$ 2.032 (valor gratificação na Erem) não compra minha dignidade. Sou da terra das heroínas de Tejucupapo e não vou desistir".

Acompanhado de uma comitiva da Erem Monsenhor Rodrigues de Carvalho, em Escada, o professor Luiz Carlos Lins declarou: “Na nossa escola, a biblioteca e os laboratórios de informática, química e física não funcionam por falta de profissionais capacitados. A internet não pega. E somos obrigados a fazer tarefas que não são nossas. Caímos numa armadilha achando que a gratificação iria nos deixar em melhores condições”. 

Cristiano Pereira, da ETE Carpina denunciou que os professores de Erem são “orientados” a não reprovar mais de 5% dos alunos para não prejudicar a avaliação das escolas. “Há uma maquiagem dos dados e muita pressão. A situação é humilhante, dá vontade de abandonar tudo, os alunos não querem mais ser professores”.

Docente da Erem Edson Amorim Fernandes, de Jaboatão, Juarez Ribeiro também está na lista dos afastados e diz que se tiver um mau súbito o Estado será responsabilizado. "É uma injustiça. Mexeu com meu psicológico e com a minha família. Os diretores de escola são reféns do Governo".

O diretor do sindicato da categoria Heleno Araújo avisou que no próximo dia 27 há assembleia e se o diálogo não for reaberto a greve continua. O Estado não se pronunciou sobre o tema. A Secretaria de Educação mandou nota apenas informando que a adesão total à greve é de apenas 7% nesta quinta e que o Governo retomará o diálogo quando o movimento chegar ao fim. O sindicato diz que a adesão se mantém em 70%.

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