O condomínio do Edifício Laura Caúla, na Torre, onde mora o prefeito do Recife, Geraldo Julio, e que teve o jardim externo ocupado pelo movimento Ocupe Estelita, na noite dessa quinta-feira (7), pediu a integrantes do grupo a desocupação da área. Hildete Tenório, síndica do prédio, conversou com representantes do movimento, na tarde desta sexta-feira (8), e entregou o documento elaborado pelos condôminos. Os moradores também prestaram queixa na Delegacia do Cordeiro contra a depredação do patrimônio.
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De acordo com a síndica, integrantes do Ocupe Estelita picharam o muro, quebraram câmera e refletor, além de destruir a grama. “Tudo o que foi destruído é recuperável. Porém, eles estão acampados numa propriedade privada, esse jardim é nosso”, afirma Hildete Tenório. “O senhor Geraldo Julio é prefeito, mas aqui ele é apenas um dos condôminos do prédio. O lugar da manifestação é a sede da prefeitura”, declara.
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O grupo protesta contra a aprovação do Plano Urbanístico Específico para o Cais José Estelita, Cais de Santa Rita e Cabanga, na área central da cidade, que permite a implantação do projeto Novo Recife no Cais José Estelita. Na sexta-feira (8), o Ministério Público Federal enviou ofício ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional reforçando o pedido de proteção do cais.
No Edifício Laura Caúla, diz Hildete, há 74 apartamentos onde vivem crianças, jovens com problemas de saúde e idosos. “O barulho está incomodando a todos. Uma clínica de fisioterapia instalada na rua ficou no prejuízo porque os pacientes não conseguiram chegar ao local.” Além dos condôminos, o proprietário de uma casa na mesma via (Neto Campelo), que teve o muro pichado e as câmeras de segurança danificadas, prestou queixa.
“Esse cidadão entregou imagens que provam o ato de vandalismo, gravadas às 6h de hoje. A filmagem mostra pessoas com o rosto coberto por camiseta”, diz o delegado do Cordeiro, João Gustavo Godoy. “Vamos apurar, depredação do patrimônio é crime e quem fez, se for identificado, vai responder inquérito policial”, informa o delegado.
Pelo menos 22 imóveis, duas parada de ônibus, três postes e duas placas de propaganda amanheceram pichadas no trajeto percorrido pelo Ocupe Estelita na quinta-feira (7), na Avenida Agamenon Magalhães e nas Ruas Joaquim Nabuco, José Osório, Visconde de Albuquerque, Conde de Irajá e Neto Campelo.
“A reivindicação deles é válida. Porém, a pichação só nos trouxe prejuízo. Somos uma instituição filantrópica, tratamos de crianças carentes da vizinhança (Madalena) e teremos de usar dinheiro que seria investido em outras ações para pintar o muro”, lamenta o gestor da Fundação Cecosne, Belarmino Barros.
Ernesto de Carvalho, integrante do Movimento Ocupe Estelita, disse que o grupo não está bloqueando a circulação na rua. “Reunimos milhares de pessoas para protestar contra um prefeito autoritário e o projeto de um condomínio de luxo que não é bom para a cidade”, afirma o rapaz.