Patrimônio

Sacrário da Madre de Deus exposto à visitação no Maspe

Peça foi roubada em 1976 e encontrada somente em 2014. O Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe) fica na Cidade Alta de Olinda

Da Editoria Cidades
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Publicado em 18/08/2015 às 12:28
Foto: Cleide Alves/JC
Peça foi roubada em 1976 e encontrada somente em 2014. O Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe) fica na Cidade Alta de Olinda - FOTO: Foto: Cleide Alves/JC
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O sacrário roubado da Igreja Madre de Deus, no Bairro do Recife, 39 anos atrás, estará exposto à visitação pública a partir desta terça-feira (18), à tarde, no Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe). Localizado na Sé de Olinda, o centro cultural funciona das 10h às 17h. O acesso às terças-feiras é gratuito. Da quarta ao domingo é cobrado ingresso no valor de R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia).

Na solenidade de apresentação da peça, nesta terça-feira, logo após o Dia Nacional do Patrimônio Histórico, 17 de agosto, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, disse que o ideal seria devolver a urna para seu lugar de origem, a Igreja Madre de Deus. "Infelizmente, por falta de segurança, isso não é possível", afirma o religioso. O Maspe pertence à Arquidiocese de Olinda e Recife. "É uma alegria receber o sacrário de volta, depois de quase 40 anos", destaca.

A peça estava em poder de um colecionador, no Rio de Janeiro, e foi recuperada em agosto de 2014. De acordo com o procurador do Ministério Público do Rio de Janeiro Sérgio Suiama, o colecionador herdou a urna e pretendia vendê-la, quando sofreu tentativa de extorsão.

Uma pessoa interessada no sacrário revelou ao colecionador que o objeto tinha sido subtraído de uma igreja e que se ele não lhe desse a urna iria denunciá-lo, informa o procurador. Sérgio Suiama veio ao Recife para fazer a devolução oficial do sacrário à Arquidiocese de Olinda e Recife, num evento realizado no Instituto Padre Venâncio, na várzea, Zona Oeste da Cidade.

Diante da chantagem, o colecionador procurou a polícia e o Ministério Público. "Entramos em contato com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que confirmou a origem do sacrário. Ele concordou em devolver e o chantagista foi processado pelo crime de extorsão", diz o procurador da República. O colecionador não foi enquadrado em crime de receptação porque não sabia que a urna era roubado, explica o procurador.

Provavelmente construído no século 19, o sacrário é todo de madeira revestido com prata. Na igreja, a peça é usada para guardar a hóstia consagrada. Antes de regressar ao Recife, estava sob proteção do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que providenciou a transferência para a capital pernambucana.

Além do sacrário do Recife, o colecionador também herdou mais duas peças religiosas roubadas, todas da Bahia: um cadeiral da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Centro Histórico de Salvador, e uma custódia (ostensório) da Igreja Matriz de Santa Cruz Cabrália.

"A peça volta ao Recife numa data simbólica, quando se comemora a Semana do Patrimônio. O valor histórico para a comunidade católica, para os moradores da cidade e para o povo brasileiro é imensurável", declara a representante do Museu de Belas Artes Cláudia Rocha, que também acompanhou a devolução.

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