Trocar nome de ruas é um assunto muito delicado, diz o professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco Antônio Paulo Rezende. “Cada época tem os seus valores, por isso as propostas devem ser analisadas caso a caso”, declara.
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“Se a pessoa opta por manter a denominação, consagra nomes que não contribuem para a história da cidade. Por outro lado, algumas mudanças quebram a identidade do lugar”, pondera. “Os nomes das ruas representam a história de vida da gente. Não se pode mudar tudo ou conservar tudo”, afirma Antônio Paulo.
O professor observa, ainda, que essa ação reflete o comportamento de quem está no poder, no momento. De acordo com a prefeitura, o Recife tem 8.474 ruas nos 94 bairros da capital pernambucana.
No livro O Recife e suas ruas: se essas ruas fossem minhas, que teve a quarta edição, revista e ampliada, lançada em 2015, o pesquisador do Instituto Arqueológico Carlos Bezerra Cavalcanti resgata a origem de quase duas mil delas.
Com 440 páginas, a publicação faz um passeio por vias tradicionais, como as Rua das Fronteiras, da Concórdia e da Aurora. E vias curiosas, como a Rua do Esparadrapo, ao lado do Hospital Pedro II, nos Coelhos, assim chamada por receber o lixo da unidade médica, possivelmente.
“A Rua do Hospício, na Boa Vista, faz referência ao Hospício dos Frades Esmoleres. Era a hospedaria dos religiosos que distribuíam esmolas”, diz. O livro traz essa e outras pérolas das ruas do Recife.