Recife

Prefeitura diz que só negocia se greve acabar, mas professores prometem reforçar movimento

Categoria diz que adesão é de 80%, município garante que 92% das escolas funcionam

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Publicado em 15/03/2016 às 7:03
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Categoria diz que adesão é de 80%, município garante que 92% das escolas funcionam - FOTO: Fernando da Hora/JC Imagem
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Enquanto os professores da rede municipal prometem participação em massa na paralisação nacional da categoria que acontece nesta terça, quarta e quinta, a Prefeitura do Recife afirma que só retoma as negociações com o fim da greve. O movimento completou uma semana e foi decretado ilegal pela Justiça antes mesmo de começar, no dia 8. O sindicato da classe informa que há uma adesão de 80% e a Secretaria de Educação do Recife afirma que 92% das escolas funcionam normalmente. 

A categoria reivindica reajuste de 11,35% para todos os níveis - percentual oferecido apenas a um pequeno grupo que estava abaixo do piso - e cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras. “Não temos como atender a esse pedido, além de estarmos impedidos por lei (já que gastamos quase 50% com a folha de pessoal), correríamos o risco de prejudicar outros serviços por falta de pagamento. Mas estamos cumprindo a lei do piso salarial”, justifica o secretário de Administração e Gestão de Pessoas do município, Marconi Muzzio.

A proposta do município foi uma só para todos os servidores: condicionar o reajuste a um aumento de receita, se houver, podendo chegar a 10,67% (inflação do período), um reajuste linear de 5% para os trabalhadores com salário inicial abaixo de R$ 1,7 mil a partir de março e de 10,67% do ticket-alimentação a partir de agosto.

“Em 2015 tivemos um aumento de receita de 0,21%, já o da folha de pessoal foi de 11%. A crise é real. Esperamos ter a compreensão dos professores como tivemos das outras categorias, pois eles acumulam reajustes de 32% em três anos, se não mantemos o padrão é porque não podemos”, diz Muzzio. O piso da categoria é de R$ 2.135,64, para 40 horas semanais.

Nos colégios, a rotina é de incertezas. Os pais precisam chegar à instituição para descobrir se os filhos serão recebidos ou não. Na escola Nossa Senhora do Pilar, no Bairro do Recife, 13 dos 14 professores aderiram à greve. Não há movimentação nenhuma desde o primeiro dia de paralisação. “No momento aqui só está funcionando o Mais Educação e o Escola Aberta, que são programas federais”, afirma a gestora, Adineide Vítor. 

Já no bairro do Espinheiro, a situação é diferente: na escola Dom Helder Câmara, todas as turmas da manhã estão funcionando normalmente e à tarde apenas três dos sete professores aderiram à greve. Segundo a gestora do local, Lucila Araújo, as mães estão sendo avisadas diariamente sobre as condições das aulas. “Além das três turmas que não estão com aula, a sala de SRM (que atende crianças especiais) também está sem funcionar”, afirma. Na escola Compositor Capiba, nos Torrões, o turno da manhã também está funcionando normalmente, e três das quatro turmas da tarde têm professores em greve.

Segundo o Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino do Recife (Simpere), os professores estão sendo ameaçados para acabar o movimento. “Algumas mães vieram procurar a gente aterrorizadas porque falaram que elas iriam perder o Bolsa Família, explicamos que as crianças não podem receber falta nesse momento de paralisação”, diz a diretora Cláudia Ribeiro.

Os diversos outros servidores municipais em greve ou em campanha salarial – como as categorias da área de saúde – aceitaram, na sexta-feira passada, a proposta da prefeitura. 

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