Patrimônio

Olinda mantém cinco monumentos fechados na Cidade Alta

A lista de monumentos fechados inclui o Museu de Arte Contemporânea, as Igrejas do Bonfim, de São Pedro e da Graça, além do Seminário da Sé

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 04/05/2016 às 8:08
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
A lista de monumentos fechados inclui o Museu de Arte Contemporânea, as Igrejas do Bonfim, de São Pedro e da Graça, além do Seminário da Sé - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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Olinda, a segunda cidade brasileira a ser declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, mantém cinco monumentos fechados à visitação pública na Cidade Alta: o Museu de Arte Contemporânea, a Igreja de São Pedro Mártir, a Igreja do Bonfim, a Igreja da Graça e o Seminário da Sé. Todas as edificações estão deterioradas e precisam de obra de restauração, mas nenhuma tem data para começar.

A Igreja do Bonfim, interditada desde fevereiro de 2012 por causa de rachaduras na torre sineira, não caiu porque Deus não quis, de acordo com moradores do Sítio Histórico. Nesses quatro anos, a única intervenção realizada foi o escoramento temporário do estuque da nave central, para evitar o desabamento do forro. E só foi feito depois que o forro da capela-mor desabou parcialmente sobre o altar, deixando as telhas expostas.

“Deixar uma igreja fechada por quatro anos, numa situação dessa, é escandaloso, irresponsável e criminoso. É um descaso total com o patrimônio tombado, a prefeitura, a Arquidiocese de Olinda e Recife e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) são omissos”, declara Carlos Marinho, médico e morador do bairro do Bonfim.

Telma Liége, gestora de projetos da arquidiocese, disse que a reforma da igreja será executada com recursos do PAC Cidades Históricas. “Fizemos o escoramento emergencial e estamos esperando a prefeitura concluir a licitação para escolher a empresa que vai executar a obra de restauração”, diz ela.

A Igreja de São Pedro também foi contemplada com recursos do PAC, mas de acordo com Telma Liége não há previsão para a recuperação do prédio, que tem danos graves no telhado e teve que ser interditado. Sobre o Seminário e a Igreja de Nossa Senhora da Graça, que funcionam no mesmo lugar, ela informa que a arquidiocese continua em busca de parceiros para financiar os serviços.

“Estamos autorizados a captar verba pela Lei Federal de Incentivo à Cultura”, acrescenta. Os interessados em colaborar podem entrar em contato com a Cúria Metropolitana pelo telefone 3271-4270. O prédio do Seminário e da igreja apresentam rachaduras, afundamento do piso e danos gerais.

Localizado na Rua 13 de Maio, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) está fechado e teve as paredes pichadas. Só a Galeria Tereza Costa Rego continua em atividade, das 9h às 14h, no prédio anexo, onde funciona a administração do MAC. Quem perde é o público, que deixa de conhecer um vasto acervo de obras de arte e de visitar um casarão do século 18 que serviu de cárcere para padres e civis acusados de delitos contra a religião católica.

Provocado pela sociedade, o Ministério Público de Pernambuco abriu inquérito para apurar denúncia sobre a falta de conservação dos prédios ocupados pelo MAC. A presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Márcia Souto, informa que não recebeu a notificação do MPPE e que marcou audiência com a promotora Belize Câmara, próximo dia 12, para mostrar o projeto de restauração do museu.

“A proposta está quase pronta e foi elaborada com verba da Associação dos Amigos do Museu e da Petrobras”, diz ela. De acordo com Márcia Souto, o valor da obra ainda não está definido e não há dinheiro para executar o serviço. “Vamos atrás de financiamento.”

O Museu Regional de Olinda, na Rua do Amparo, abre para visitação de segunda a sexta, das 9h às 17h, mas precisa de pintura nas paredes e portas, além de reparos no piso de tábua. Há um ano o museu deixou de funcionar nos fins de semana, porque não tem funcionários em número suficiente.

Fundado em 1935, o museu está instalado num prédio do século 18. “Olinda está virando um cemitério, os prédios velhos, tão cheios de história e de memória, são relegados”, diz uma moradora da Cidade Alta.

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