SOLIDARIEDADE

Grupo Samaritanos distribui comida e dignidade nas ruas do Recife

Há um ano, o grupo de jovens entrega alimentos e donativos a moradores de rua da capital

AMANDA RAINHERI
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AMANDA RAINHERI
Publicado em 27/11/2016 às 7:06
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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O relógio marca 23h e Francisco Carlos da Silva dorme em baixo da marquise de uma farmácia no bairro de Santo Amaro, área Central do Recife. Aos 55 anos, ele não tem trabalho ou um teto digno para descansar. Sozinho com sua carroça, percorre as ruas da cidade diariamente em busca de abrigo. Às quartas-feiras, porém, ele tem destino certo: o entorno do Hospital Universitário Oswaldo Cruz. O local é ponto de entrega de alimentos e roupas do grupo Samaritanos que, há um ano, distribui comida, amor e dignidade a moradores de rua. 

O projeto nasceu na paróquia de Casa Forte, Zona Norte da capital. A primeira ronda contou com a presença de 14 voluntários. Um ano depois, o número subiu para 250, a maioria com idades entre 18 e 30 anos. “Começamos na paróquia, com o objetivo de sair da zona de conforto e concretizar nossa fé. Hoje, pessoas com outras crenças e até aquelas que não seguem nenhuma religião participam das rondas com a gente”, conta Márcio Cavalcanti, um dos coordenadores. Para ele, a experiência é de aprendizado. “No início, achei que estava saindo para doar. Na verdade, aprendi muito mais do que doei.”

Toda quarta-feira, 250 marmitas de cuscuz com salsicha e pão com mortadela são entregues a moradores de rua em nove rotas. São 30 paradas em diversos pontos da cidade. Tudo é preparado pelos voluntários, inclusive a comida. Na cozinha da paróquia, eles se revezam entre o fogão, a montagem das marmitas e o preparo dos pães. Além de alimentos, roupas, sapatos e acessórios estão entre os donativos. “Já compramos uma cadeira de rodas e doamos móveis a um casal que morava na rua e conseguiu auxílio-moradia”, acrescenta Márcio. 

A iniciativa faz a diferença na vida de pessoas como Francisco Carlos. Além de comida e roupa limpa, ele recebeu carinho e atenção. O fim da invisibilidade social é uma das bandeiras dos voluntários. “Onde antes víamos pedintes, hoje vemos seres humanos. Quando vejo pessoas em situação tão precária, tão vulneráveis, o coração me diz que é impossível ser indiferente”, diz a publicitária Raissa Jordão, envolvida com o projeto desde sua criação, em novembro do ano passado.

Para dar continuidade ao trabalho, o grupo depende de doações. Alimentos, materiais descartáveis, roupas e outros donativos podem ser entregues na paróquia, na Praça de Casa Forte. Doações em dinheiro podem ser feitas na conta-corrente (Branco do Brasil, agência 1509-1, conta 36293-X, em nome de Thatyana de Oliveira Maranhão Cavalcanti). Mais informações: (81) 9659-5118.

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Voluntários montam as marmitas com comida para os moradores de rua. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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250 marmitas de cuscuz e salsicha são distribuídos semanalmente. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Nos fundos da paróquia, voluntários preparam pães com mortadela. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Grupo nasceu na Paróquia de Casa Forte, na Zona Norte. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Além de comida, donativos incluem roupas, sapatos e acessórios. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Voluntários se reúnem para instruções e definição das rotas. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Roupas limpas e dignidade são distribuídos há um ano para moradores de rua. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Além dos donativos, os jovens do Samaritanos distribuem carinho e amor. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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O projeto fez um ano no último dia 25 de novembro. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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No início, 14 voluntários participavam das rondas. O número subiu para 250 em um ano. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Nas ruas, os jovens conversam e cuidam daqueles que são rejeitados pela sociedade. - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

DESCASO

O abandono de quem vive nas ruas é tão grande que a Prefeitura do Recife não tem sequer números exatos. O último levantamento, feito em 2005, mapeou 1,3 mil pessoas em situação de rua na capital. Atualmente, o órgão trabalha com uma estimativa menor (970), de acordo com levantamento feito pelos serviços de abordagem. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos informou que um novo estudo está sendo feito e que os resultados devem sair em dezembro.

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