Se todos plantam, todos colhem. Onde antes havia um terreno baldio ao lado de um prédio público no bairro da Mustardinha, Zona Oeste do Recife, hoje existe uma horta na qual as plantas cultivadas recebem cuidados diários. Há cerca de um mês, moradores do bairro e alunos da Escola Municipal Professor Antônio de Brito Alves se uniram para transformar a área em um espaço de socialização, estímulo do contato com a natureza e geração de renda. As frutas, verduras e hortaliças foram colhidas ontem, simbolizando frutos que vão além dos colocados na mesa.
O projeto foi idealizado pela técnica social Karina Queiroz, que trabalha no local. Ela conta que o terreno estava tomado pelo mato e inutilizado há tempos, e começou a pensar em algo que ocupasse o espaço e pudesse mobilizar a escola e idosos do bairro. As sementes e mudas do primeiro cultivo foram doadas pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e toda a limpeza do terreno, plantio e cuidados são feitos por moradores e alunos.
“Uma das senhoras que participaram da iniciativa disse que se sentia depressiva, mas hoje tem um propósito. A gente vê como essa ação envolve os alunos e a comunidade, sendo mais do que um simples plantio”, conta
A Secretaria de Saneamento, proprietária do prédio no qual a horta foi plantada, já estuda expandir o projeto para outras localidades. O secretário de Saneamento do Recife, Alberto Feitosa, que acompanhou a colheita, classificou a iniciativa como uma ocupação exemplar do espaço urbano. “Além de uma nova atividade, queremos trazer a oportunidade de geração de emprego e renda para os moradores locais”, afirmou.
A horta é motivo de orgulho para as crianças da escola que ajudaram no processo. “Eu saio da aula e passo aqui para olhar como as plantinhas estão. Aí vejo se elas precisam de água e adubo”, conta Gabriel de Lima, 7. Com o crescimento das plantas, as professoras trabalharam em sala de aula temas relacionados à alimentação saudável e cuidados com o meio ambiente. “Quero ser engenheiro agrônomo e ter uma fazenda para plantar muitas dessas. Hoje a gente vai comer alface que eu mesmo reguei”, conta Francisco Rodrigues, 11, mostrando o pé da hortaliça que vai levar para compor o prato do almoço.
A aposentada Silvia Maria da Silva, 68, diz que todos os dias é uma das primeiras a chegar para cuidar do plantio. “Eu passava o dia inteiro em casa, vendo televisão. Agora me levanto todos os dias às cinco horas da manhã já com disposição para cuidar das plantas”, relatou, lembrando que o nome do bairro, Mustardinha, está relacionado ao apelido do dono de um sítio no qual o local teve origem, chamado Manuel Mustardinha. Na área, o proprietário cultivava verduras e hortaliças.