FRAUDE

Estudantes da UFPE acusam colega de calote em festa de formatura

Alunos do curso de Ciências Biológicas afirmam que os repasses de cerca de R$40 mil para colega que fazia parte da comissão de formatura não foram usados para a festa da turma

JC Online
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Publicado em 19/08/2017 às 16:51
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Alunos do curso de Ciências Biológicas afirmam que os repasses de cerca de R$40 mil para colega que fazia parte da comissão de formatura não foram usados para a festa da turma - FOTO: Foto: Pixabay
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Mais um sonho de formatura quase interrompido pela má fé de quem era considerado um amigo. A turma do último período de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), passa pelo transtorno de reunir parte do dinheiro já empregado para a conclusão da graduação, depois de um membro da comissão de formatura supostamente usar a renda arrecadada para fins pessoais e não cumprir com os contratos agendados com as empresas que iriam fazer a festa. Agora, 23 estudantes organizam uma vaquinha virtual e contam com a solidariedade das pessoas.

Tudo começou em agosto de 2015, quando a turma se reuniu para promover a sonhada festa de conclusão de curso. Uma das alunas e amiga da sala se ofereceu para iniciar a comissão. “Foi ela que chamou todo mundo, disse que ia organizar os pagamentos, a festa e tudo mais. Desde o começo, ela estava à frente de tudo e nós confiamos”, disse uma das alunas de Ciências Biológicas, Gabriella Teixeira, de 21 anos. Gabriela conta que, inicialmente, os depósitos de R$87 de cada um dos estudante eram feitos para a conta dessa aluna que, depois de um tempo, teria pedido para que os repassem fossem realizados para a conta de uma ex-namorada. “Mesmo assim, ela ainda tinha acesso ao dinheiro, quem controlava era ela”, afirma Gabriella.

Em junho deste ano, no entanto, a turma começou a desconfiar. Alguns alunos entraram em contato com as empresas responsáveis pela produção da festa, dos convites e com o local onde o evento aconteceria. Algumas empresas até chegaram a receber parte do dinheiro, que só teria sido pago por um ano, em meados de 2016. Outras não haviam nem acordo assinado. “A gente falou com a orquestra que ia fazer a festa e eles disseram que não tinham contrato conosco”, lamenta a estudante.

A partir dali, e após várias reuniões das quais a responsável pela organização da festa não compareceu, os alunos começaram a insistir com a colega para saber o que havia sido feito com o dinheiro. Na última quarta (16), marcaram uma reunião e a estudante foi, acompanhada da ex-namorada. “Ela ficou negando o tempo inteiro, tentando enganar a gente. Até que uma pessoa perguntou diretamente ‘onde está o dinheiro?’ e ela respondeu ‘gastei por motivos pessoais’”, relembra Gabriella. “Ela ainda tentou dizer que precisava ajudar a família, que estava passando por dificuldades, mas a família dela nem sabia que ela estava sendo responsável por arrecadar o dinheiro da formatura”, acusa a estudante.

Ao todo, cerca de R$40 mil foram repassados para a organizadora da festa. “A gente ainda acha que é mais, porque fizemos rifas para complementar. Só com a rifa da orquestra conseguimos uns R$5 mil”, calcula. “A gente sempre acreditou que os depósitos estavam sendo feitos, pagariam tudo em setembro ou outubro”.

Para fazer a festa de formatura, que manteve a data inicial para 22 de dezembro deste ano, a turma de Ciências Biológicas está organizando uma vaquinha online. Quem puder contribuir, as instruções para a doações estão no link site Vakinha. O objetivo é reunir R$10 mil e, até o fim da tarde deste sábado (19), eles haviam conseguido R$370.

Investigação

Após a reunião realizada na quarta (16), a turma se encaminhou para a Central de Flagrantes, localizada no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, junto com a estudante, e prestou queixa.

“Não pudemos fazer flagrante, porque não havia nenhum documento que comprovasse o crime. Fizemos as ouvidas da vítima e da suspeita e depois encaminhei para a Delegacia da Várzea”, explica a delegada que recebeu a denúncia, Maria Helena Couto Fazio. De acordo com ela, ainda não é possível afirmar por qual crime a organizadora pode ser enquadrada, caso seja comprovada alguma irregularidade. “Durante as investigações, vamos analisar se ocorreu o caso de fraude, furto ou estelionato”, pontua.

“Estamos reunindo todos os comprovantes e extratos dos depósitos para levar para a polícia”, garante Gabriella. O JC tentou entrar em contato com a Delegacia da Várzea, mas não obteve retorno.

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