Se o pior julho em termos de homicídios desde o início do Pacto pela Vida (2007) foi o deste ano, com 447 ocorrências, agosto promete seguir a tendência. Os dados relativos ao mês passado serão divulgados apenas no próximo dia 15, mas espera-se que sejam registrados cerca de 420 assassinatos. O pior mês de agosto da era do Pacto foi o de 2008, com 399 registros. Coincidentemente, a melhor marca mensal da história da política pública aconteceu em agosto de 2013, quando foram notificados 214 homicídios, praticamente metade do que é esperado para o mesmo período de 2017.
O valor do mês passado é cerca de 5% menor que os 447 assassinatos que ocorreram em Pernambuco em julho deste ano. Depois de um pico histórico de 551 mortes intencionais violentas em março – o maior já registrado no Estado durante a vigência do Pacto pela Vida – houve três meses seguidos de reduções até que junho fechasse com 380 ocorrências. A tendência de queda foi interrompida com os 447 homicídios de julho.
Um dos assassinatos de maior repercussão em agosto deste ano foi o do estudante de direito Edvaldo Valença, de 21 anos. Ele foi morto com um tiro no rosto ao ser abordado por cinco homens – sendo um adolescente – que tentaram roubar o Jeep Renegade que ele dirigia, no município de Goiana, Zona da Mata Norte do Estado. O crime foi encomendado dentro do presídio de Igarassu, no Grande Recife. Os homens deveriam roubar um Renegade e entregá-lo a um contato do chefe da quadrilha no Estado da Paraíba. Quatro das seis pessoas envolvidas no crime foram presas. Ainda há dois foragidos da Justiça.
Para o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, a redução nos homicídios entre julho e agosto se deve a dois fatores principais: ajustes na operação Força no Foco (presença ostensiva das Polícias Civil e Militar por 48 horas seguidas nos municípios) e prisões de homicidas contumazes.
“Passamos a realizar três edições por mês em cidades de cada uma das regiões do Estado: Grande Recife, Zona da Mata, Agreste e Sertão. Então foram 12 este mês, em municípios como Ipojuca e Paulista, na Região Metropolitana do Recife, e Goiana, na Zona da Mata Norte”, disse Pádua, ontem, durante a entrega de seis delegacias móveis, dois microônibus e uma lancha da Polícia Civil, que foram reformados por R$ 108 mil. “A prisão de grupos de homicidas como o que atuava em Santa Cruz do Capibaribe, e que contava com policiais militares, também ajudou a reduzir os índices”, afirma, numa referência à prisão de quatro PMs da ativa e um da reserva, no dia 15 do mês passado.