Organizações e movimentos que atuam pelo direito à cidade se reuniram na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, na noite desta sexta-feira (27), em um ato contra despejos em comunidades do Recife. Durante a ação, mensagens como "reforma urbana já" e "moradia é direito" foram projetadas em edifícios e na Igreja de Santo Antônio.
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De acordo com a organização do protesto, as comunidades de Entra Apulso e Pocotó, localizadas em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, receberam recentemente ordens judiciais de reintegração de posse. "A ideia é que a gente chame a atenção para a injustiça que há na cidade do Recife e em Pernambuco, há áreas sendo tomadas por prédios e comunidades sendo removidas. É um modelo de desenvolvimento que a gente acha injusto e desigual", afirma Socorro Leite, diretora executiva nacional da ONG Habitat para a Humanidade Brasil, uma das realizadoras do ato.
Na Entra Apulso, consolidada desde 1950 e protegida pela lei da Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), o decreto teria ordenado a desapropriação parcial, com o despejo de 30 famílias."Essas remoções acabam forçando as famílias a se realocarem para assentamentos ainda mais precários e cada vez mais distantes do centro da cidade“, diz Socorro Leite.
Déficit habitacional no Grande Recife
O ato contou com a presença de representantes de comunidades ameaçadas de despejo, dos participantes do encontro nacional do Fórum de Reforma Urbana e de organizações e movimentos de luta por moradia de diversas parte do Brasil, como Central de Movimentos Populares (CMP), Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CEDES), Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM), Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), Instituto Pólis, Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Observatório das Metrópoles e União por Moradia Popular.
Segundo os organizadores da manifestação, o déficit habitacional do Grande Recife é de cerca de 108 mil unidades. Só na capital, são cerca de 280 mil pessoas que sofrem com a falta de moradias adequadas. Em todo o Estado, estima-se que cerca de 4 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança de posse de terra.