A destruição da pista de skate do Parque Santana, na Zona Norte do Recife, está gerando grande polêmica entre os usuários do equipamento. Depois de demolir a pista nesta quarta, sem sequer instalar uma placa no local informando sobre a obra, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer avisa que vai implantar o projeto de um SkatePark de 1,6 mil metros quadrados no local, com 12 obstáculos diferentes e investimentos de quase R$ 600 mil, repassados pela União via emenda parlamentar. Uma ação considerada por muitos como desnecessária e antidemocrática, por falta de diálogo. Às 16h desta sexta, uma comissão se reúne no local na tentativa de alterar o projeto.
Leia Também
“Há um equívoco na metodologia, não houve uma pesquisa para se realizar essa intervenção, apenas fizeram uma reunião com algumas pessoas em um dia e no outro a pista estava destruída”, protesta o arquiteto, urbanista e skatista Isaac Azoubel, que integra a comissão. “Ela funcionava, atendia a uma grande quantidade de pessoas (eu faço parte de um grupo de mais de 80), o parque ficava lotado à noite. Levávamos cadeiras, crianças, cachorros. Agora acabou, é um banho de água fria”.
Azoubel salienta que a pista destruída era única em suas características. “Era voltada para o skate surf, que permite curvas mais longas e maior velocidade. Vão trocá-la por um modelo (street) que já existe em outros pontos. Por que não construíram em outro local e mantiveram a do parque? Há uma carência de pistas na cidade. Ou podiam fazer os ajustes necessários (a pista era meio rasa) e ampliar. Mas destruir? Vamos tentar alterar o projeto. Senão, só nos resta lamentar e esperar para curtir a próxima pista, com saudades da que se foi”.
O vereador Ivan Moraes (PSOL) discutiu o assunto na Câmara Municipal. “Foi um tiro no pé, um erro gravíssimo de gestão, o PSDB está jogando dinheiro pelo ralo”, declarou. Nas redes sociais, algumas pessoas defendem o projeto. “Eu, skatista há 19 anos, sei bem o erro que houve no antigo projeto da pista de skate do Parque Santana. Sou a favor desse novo projeto que trará melhorias para uma prática plena do skateboard, pois será feito por skatistas que entendem do assunto e não por ‘modinhas’ que andam três meses e morgam”, publicou Michael de Souza.
RESPOSTA
Por meio de nota, a Secretaria de Turismo afirma que a requalificação vem atender a uma demanda antiga dos usuários do equipamento “que não foi construído seguindo critérios técnicos adequados e tinha apenas 40% da área aproveitada”. Já o novo projeto “atenderá a diversas modalidades (street, o freestyle, surf skate e patinação), podendo servir como espaço para treinamento de skatistas profissionais, usuários amadores e as famílias que já frequentam o parque”. A previsão é de que fique pronto em seis meses. A secretaria informa que “o início da demolição se deu segundo os prazos estabelecidos pela CEF” e que uma comissão foi ouvida na última terça-feira para sugestões.