Com alguns ajustes no projeto, a obra da via-parque das Graças, na Zona Norte do Recife, deve, finalmente, ser retomada em novembro. Depois da desistência do consórcio que iniciou o serviço em junho do ano passado, uma nova licitação está em andamento e na próxima quarta-feira (19) a Autarquia de Urbanização do Recife (URB) abrirá as propostas apresentadas. Um total de 47 empresas adquiriram o edital. A obra é a segunda etapa do Projeto Parque Capibaribe e abrange os 950 metros que margeiam o Rio Capibaribe entre as Pontes da Torre e da Capunga.
Leia Também
Novos estudos e sondagem de solo foram realizados, resultando em algumas alterações. O modelo de píer foi reformulado para se adequar à lei de acessibilidade, que determina inclinação máxima de 8,33%. “Serão três rampas articuladas que acompanharão a maré, de até 2,5 metros. Braçadeiras prenderão o píer a estacas, para dar estabilidade”, explica a arquiteta Marta Roca, do grupo de pesquisa e inovação para as cidades (Inciti) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), responsável pelo projeto do Parque Capibaribe. O equipamento, inspirado no modelo do projeto Rios da Gente, terá capacidade para 324 pessoas.
A Rua das Pernambucanas e a Rua Sebastião Leme vão ter as intervenções urbanísticas ampliadas. Calçadas, acessibilidade, paisagismo e iluminação vão estimular o uso das duas como ruas de entrada e saída da via-parque. “Queremos que as pessoas sintam como se essas vias fossem parte do parque”, salienta Marta. A Estação Elevatória de Esgoto da Compesa, situada no encontro da Avenida Beira-Rio com a Rua das Pernambucanas terá a estrutura externa realocada para o estacionamento dessa última. Ficará apenas a parte do subsolo e uma tampa para manutenção.
Atendendo a pedido dos moradores, o projeto incorporou um ParCão, espaço de lazer para cachorros, na altura da Rua Osvaldo Salsa. “Também achamos interessante dividir o playground em dois, um para crianças de 0 a 5 anos, que terá gradil, e outro para crianças acima de 5 anos”, explica Marta. Na área próxima à Ponte da Torre foi incluído um pergolado com espreguiçadeira. Junto à Ponte da Capunga haverá outro espaço coberto, com mesas e bancos.
SEM PASSARELAS
Já as passarelas projetadas sob as pontes foram excluídas dessa etapa, pois estudo de batimetria e topografia indicou que elas ficariam muito tempo alagadas e uma solução ainda é estudada. “Como elas vão ser ligação para áreas que ainda não existem optamos por deixar para inseri-las nas próximas etapas do Parque Capibaribe”, explica Rúbia Campelo, diretora de Planejamento e Projetos da URB. Pela profundidade do rio (motivo de paralisação da obra) as estacas de sustentação, antes de concreto, passam a ser mistas.
A faixa de 4,5 metros para carro compartilhada com bicicleta não sofreu alteração. Ela funcionará em dois trechos: da Ponte da Capunga até a Rua Dom Sebastião Leme e da Rua Manoel de Almeida até a Ponte da Torre. Ou seja, os veículos não terão um trajeto contínuo e vão manter velocidade máxima de 30 quilômetros. Também está mantido um mirante no fim da Rua Dom Sebastião Leme.
REDEFINIDO
O projeto inicial era de uma via expressa, com quatro faixas para automóveis, que teve financiamento aprovado de R$ 54,5 milhões, via PAC Pavimentação. A proposta foi rediscutida e incorporou o conceito do Parque Capibaribe, de transformar trinta quilômetros de margem do rio em uma grande área verde integrando 42 bairros. A primeira etapa foi o Jardim do Baobá, inaugurado em setembro de 2016. “Estamos elaborando três projetos para ligar desde a Jaqueira até o Paissandú e preparando um concurso de projetos para três pontes de mobilidade ativa (para pedestres e ciclistas)”, informa Marta. “O projeto atual está estimado em R$ 36 milhões e continuamos negociando o saldo do financiamento para outra etapa do Parque”, diz Rúbia.