O sargento reformado da Polícia Militar Luiz Fernando Borges, 52 anos, foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão pela morte do adolescente Mário Andrade de Lima, aos 14 anos. O julgamento, adiado duas vezes em um mês e meio, ocorreu nesta terça-feira (6). O assassinato aconteceu no Ibura, Zona Sul do Recife, no dia 25 de julho de 2016.
Para Joelma Andrade de Lima, 36 anos, mãe de Mário, o resultado do julgamento foi muito satisfatório. “Meu filho pode descansar de vez depois de dois anos e três meses de luta”, afirmou.
O júri popular deveria ter acontecido no dia 24 de setembro, dia no qual Mário faria 17 anos de idade. “Não consegui comemorar no dia do aniversário do meu filho, nem no da minha filha, mas em novembro, mês da Consciência Negra, eu tenho o que comemorar”, festejou Joelma.
Um amigo de Mário, com 13 anos na época do crime, foi atingido por tiros e se fingiu de morto. O ex-PM foi condenado também pela tentativa de homicídio.
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Agravamento de pena
O promotor Guilherme Castro, que representou o caso, vai enviar a sentença para o Tribunal de Justiça de Pernambuco. “Vamos submeter o cumprimento da pena à análise dos desembargadores para verificar a necessidade ou não de agravamento”, explicou. O Ministério Público quer que as penas para os crimes de homicídio e tentativa de homicídio cometidos na ocasião sejam dadas de forma separada, levando o tempo de prisão a até 31 anos.
O assassinato
Mário Andrade tinha 14 anos quando levou três tiros disparados por Luiz Fernando Borges, em 25 de julho de 2016, na Avenida Dois Rios. O crime ocorreu após a bicicleta em que ele estava com um amigo de 13 anos colidir com a moto do ex-PM e ferir o pé dele. O mais novo fugiu e levou três tiros, mas sobreviveu, ao se fingir de morto. Segundo testemunhas, Mário levou uma coronhada e foi executado. “Um rapaz chegou a pedir para ele não fazer aquilo, mas ele o ameaçou também”, conta Joelma.
Luiz Fernando Borges se entregou à Justiça um mês depois e alegou que matou por achar que seria assaltado pelo menino. Ele foi expulso da corporação e está preso em Igarassu, no Grande Recife, há dois anos e três meses.
Mário tinha planos
Mário tinha planos de abrir um negócio. Ele ajudava a mãe a vender gás de cozinha, fazia bicos numa lanchonete e cursava o 8º ano em uma escola pública. Pouco antes de morrer, escreveu uma música retratando a realidade da periferia e homenageando a mãe. “Assim que terminou de escrever ele veio até a mim e disse: Mainha, eu fiz uma música pra senhora e eu vou ficar famoso com ela e aí vamos mudar de vida. Ainda tive a chance de ouvir ele cantar para mim antes de partir”.