SOLIDARIEDADE

Campanha 'A Fome Não Pode Esperar' entrega 2 mil cestas básicas em Tamandaré

Além da arrecadação, foram realizadas atividades nas escolas, eventos públicos, jogos de futsal, shows, ações recreativas e de educação física

JC Online
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Publicado em 18/08/2019 às 12:14
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Além da arrecadação, foram realizadas atividades nas escolas, eventos públicos, jogos de futsal, shows, ações recreativas e de educação física - FOTO: Foto: Divulgação
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No último sábado (17), mais de 2 mil cestas básicas foram entregues a comunidades de 25 engenhos da cidade de Tamandaré na Mata Sul do estado de Pernambuco. A campanha 'A Fome Não Pode Esperar' foi iniciada após o padre Arlindo, pároco da cidade, perceber a situação preocupante de 2500 famílias que sofrem com o desemprego e a falta de alimentos na região.

“A celebração estava acontecendo e em um momento de oração eu pedi que as pessoas fizessem suas preces. Foi aí que descobri que elas sentiam fome, eram 18h e aquelas pessoas não tinham nem almoçado. Eu estava construindo uma capelinha e peguei todo o dinheiro que tínhamos e compramos 700 cestas básicas. Depois disso começamos a descobrir mais e mais famílias passando fome e por isso estamos nessa corrida por alimentos para levar paz, ainda que seja por pouco tempo, a essas famílias”, conta o padre.

“A força da solidariedade e o bem são extraordinários. Muito maior do que a imaginamos. Quando a gente faz tudo com amor, aparecem pessoas que são contaminadas,” ressalta o padre Arlindo, sobre a corrente de solidariedade que se fortalece a cada dia na campanha. Um das pessoas que se tornou voluntário e aderiu à causa foi o Luiz Eduardo Antunes, da secretaria de administração do estado. “Nós temos que dá a nossa participação e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e mais igualitária. Precisamos chamar a atenção para essa região muito carente no estado.” Enfatiza, o secretário, que se dispôs a passar o dia entregando cestas básicas.

Mutirão

Tamandaré é uma cidade conhecida por suas belas praias e, com a chegada do inverno, o turismo cai e as oportunidades de emprego para quem vive lá também. Boa parte das famílias ajudadas vive da venda de frutas nas estradas, mas sem turistas, as vendas caem. Também há quem dependa das das usinas da região, que têm decretado falência e atrasado os salários. Vendo a situação das famílias da zona rural, boa parte da cidade se mobilizou e ainda durante a semana santa foram entregues as primeiras centenas de cestas. Com o sucesso da campanha, mais pessoas se solidarizaram e as arrecadações se espalharam por outras cidades do Estado. 

A advogada e voluntária Renata Queiroga já conhecia os trabalhos sociais de padre Arlindo e resolveu também somar forças nesta campanha. Falando com um amigo e outro, ela ajudou a criar uma rede de pontos de arrecadação no Recife. Para esta entrega de sábado, 20 toneladas de alimentos foram arrecadadas. “Eu estava em Tamandaré na Semana Santa e assim que voltei para o Recife, colei cartazes no meu prédio pedindo ajuda dos moradores. Depois, liguei para duas amigas empresárias e criamos pontos de arrecadação. Depois fomos chamando um amigo e outro e agora conseguimos essa rede enorme de ajudantes. Cada um ajuda como pode, seja com tempo, com dinheiro ou fazendo contatos com outras pessoas”, conta. Veranista da cidade desde pequena, ela conheceu as comunidades que estão sendo ajudadas. “As famílias dessas localidades estão, em sua maioria, desempregadas e sem horizonte. Tem muita gente passando necessidade e quando chegamos das primeiras vezes com cestas básicas, o semblante deles mudou de uma forma que chega a arrepiar. Esse povo está realmente sofrendo”, relata. 

Para o padre, a campanha vai além de apenas entregar alimentos. É uma forma de resgatar a esperança e trazer visibilidade para situação em que vive boa parte da Mata Sul do Estado. “Muitas cidades dessa região sofrem por causa das consequências do modelo de monocultura. Precisamos mobilizar a sociedade e pensar formas de debater o futuro dessas pessoas. A gente fala muito da pobreza do Sertão, mas também há miséria muito perto de nós. Eu sei que meu primeiro papel é rezar, mas quem tem fome não consegue rezar e não tem como ignorar essa situação”, acrescenta o pároco.

Moradora do distrito de Santo André, na Zona Rural de Tamandaré, Keila Gonçalves, 15, também é uma das colaboradoras da campanha. Apesar de sempre ter vivido na localidade, ela se surpreendeu com a situação com a qual se deparou ao participar de algumas entregas de cestas básicas. “Eu fui em uma rua que não conhecia em Santo André e todos se emocionaram com a situação. São muitas famílias em condições precárias, uma senhora nos contou que estava há dias sem comer. Um gestante está pensando em doar o bebê que vai nascer por não ter condições. Ficamos chocados”, conta a adolescente, que também tem familiares nesta situação.

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