ÓLEO NAS PRAIAS

Reforço do Exército no combate ao óleo chegou tarde, dizem voluntários

Para voluntários e comerciantes locais, o trabalho braçal foi feito pela própria população

Editoria de Cidades
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Publicado em 23/10/2019 às 7:24
Foto: Felipe Ribeiro/ JC Imagem
Para voluntários e comerciantes locais, o trabalho braçal foi feito pela própria população - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/ JC Imagem
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Uma ajuda tardia. Assim a população que trabalho na retirada do óleo da praia de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, desde o início da semana avalia a chegada do Exército ao município na manhã dessa terça-feira (22). O efetivo de 60 militares foi deslocado da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, no Recife, para Itapuama, com objetivo de reforçar o trabalho do governo estadual, da prefeitura e de voluntários.

A brigada tem 4.831 integrantes, que estão à disposição dos Estados afetados pelas manchas, por ordem do Ministério da Defesa. “Estamos auxiliando no monitoramento e nas ações de limpeza. Não há tempo determinado para a atuação”, afirmou o general Alexandre Cantanhede, comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada. Segundo ele, além dos 60 soldados, o mutirão na praia contou com o apoio de 40 integrantes da Marinha e 25 das Forças Aéreas.

Um auxílio bem-vindo, mas que, na opinião da população, chegou tarde. “Fiquei das 8h às 14h ontem (segunda) limpando óleo. Foram os comerciantes que começaram o trabalho. O Exército chegou tarde. Não houve ação preventiva e agora eles chegam depois que o estrago já foi feito e limpo”, critica a comerciante Stefane Cibele Silva, 23 anos.

Voluntária do coletivo Salve Maracaípe, Camille Azevedo, 24, também criticou a atuação do governo. “A força braçal foi toda dos voluntários. O governo deixou muito a desejar, porque sequer equipamentos as pessoas tinham ontem (segunda) para a limpeza”, conta. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) chegaram em grande quantidade nessa terça-feira. Máscaras, botas e luvas eram distribuídos pelos coletivos aos voluntários.

“Até mesmo o Exército está utilizando os materiais doados, porque não tem os equipamentos adequados”, aponta a fotógrafa Gabriela Barros, 31, que ajuda a coordenar o trabalho dos voluntários. Ele se emociona ao lembrar a situação da praia na segunda-feira. “Não tem como descrever. Peixes estavam presos no óleo, e o óleo espalhado por tudo.”

Desnecessário

Em nota, o Comando Militar do Nordeste afirmou que a tropa esteve nas praias de Candeias e Barra de Jangada. O ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva afirmou nessa terça, em visita a Pernambuco, que o reforço do Exército não foi solicitado antes porque o governo “não julgava necessário.”

Além dele, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também esteve no Estado e visitou Itapuama pela manhã. “O governo tem feito tudo de forma estruturada. As equipes têm feito um trabalho bastante dedicado e intenso”, argumentou, sem detalhar quais ações previstas no Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC) serão aplicadas para tentar conter o avanço das manchas.

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