
A Prefeitura do Recife promoveu, na tarde desta quinta-feira (16), uma oficina de grafitagem para 60 alunos da rede municipal de ensino. Ao lado de três dos artistas responsáveis pelas ilustrações das ornamentações do Carnaval 2017, que podem ser vistas em vários pontos da cidade, os pupilos decoraram um muro de 60 metros quadrados no estacionamento da sede do governo municipal, no Bairro do Recife.
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Os alunos, com idades entre 10 e 15 anos, estudam nas Escolas Municipais de Tempo Integral (EMTIs) Professor José da Costa Porto, localizada na Ilha Joana Bezerra, Pedro Augusto, na Boa Vista, e Reitor João Alfredo, na Ilha do Leite. As duas primeiras já fazem trabalhos semelhantes em murais das instituições, como forma de conscientizar os pequenos sobre a diferença entre grafite e pichação, arte e vandalismo.
“Eu trabalho com os estudantes essa questão desde o sexto ano e uma das primeiras perguntas que eles fazem é se pichação é arte”, explica a professora Lucélia Albuquerque, da EMTI Professor José da Costa Porto. Segundo ela, os adolescentes estão mais suscetíveis ao vandalismo por estudarem em áreas mais humildes da cidade. “A comunidade é dividida, os moradores rivalizam e para marcar o território eles picham muito. O que a gente faz é educar para que eles tenham o olhar de que isso é vandalismo. E, nesse sentido, essa oficina é muito importante.”
O artista Galo de Souza, um dos grandes nomes do grafite, conhece bem este caminho. “Eu comecei a pichar com nove anos e continuei conforme ia crescendo. Não conseguia parar. Em 1996, quando conheci o grafite, fui entender a posição política desta arte”, conta. Galo ensina grafitagem a crianças e adolescentes desde 1999. “Me sinto muito gratificado em fazer as oficinas. Sempre me divirto e aprendo muito com eles”.








ARTISTAS
Além de Galo, os artistas urbanos Jota ZerOff e Manoel Quitério participaram da intervenção na sede do executivo municipal. Todos personalizaram painéis em diferentes locais da cidade com imagens que se tornaram tema da folia recifense. “Foi um acordo feito com a prefeitura. Era interessante que, além de pintar, a gente tivesse uma ação com as crianças. Esse muro estava ocioso e agora foi aproveitado”, afirma Galo.
Quem participou,, aprovou a iniciativa. “Minha escola já tem um muro com grafite. Pichação é feio, não dá pra ler nada direito. Mas grafite é desenho, é arte”, defende a aluna do EMTI Professor José da Costa Porto, Marcela Vicente, 14 anos.