Quando os raios de sol anunciarem a chegada do Sábado de Zé Pereira, um dos maiores símbolos do Carnaval pernambucano fará a festa de uma multidão de foliões... no Canadá. Inspirado no Galo da Madrugada, o bloco Galo na Neve reunirá 450 pessoas na cidade de Trois-Rivières, na província de Quebéc. E ele não é o único. Pelo menos outros 15 “filhotes” da mais querida figura momesca estão espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, carregando a herança do frevo e a tradição do maior bloco de rua do mundo.
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O administrador Mariano Falangola, de 38 anos, se mudou para o Canadá em 2012 com a esposa Mariana Falangola. Frequentador do Galo da Madrugada desde os 11 anos, foi do Carnaval que o recifense sentiu mais falta quando deixou o Brasil. “Resolvemos eu, minha esposa e um casal de amigos pernambucanos, começar o nosso bloco. No primeiro ano do Galo da Neve, em 2013, fomos apenas nós quatro. As pessoas achavam muito estranho a gente andando pela rua de bermuda, com -10ºC de temperatura”, lembra ele.
A festa acontecia na casa do administrador, sempre seguida de uma feijoada. Mas o bloco cresceu e logo foi necessário alugar um espaço maior. Ano passado, foram mais de 200 foliões. O crescimento do bloco chamou atenção até mesmo do prefeito de Trois-Rivières, que participou da edição de 2018. “Foi a forma que encontramos de estar perto da nossa cultura e levá-la para outras pessoas. A emoção é a mesma de estar no Galo da Madrugada”, conta.
Foi durante uma visita ao Canadá que o que também recifense Afonso Agra, 40, conheceu o bloco. Há nove anos morando no Peru, ele teve a ideia de criar a própria agremiação, inspirada no Galo da Madrugada. “Desde que saí do Brasil, tinha vontade de criar um bloco de Carnaval. Em 2016, quando conheci do Galo da Neve, isso aflorou mais. Este ano, vamos sair pela primeira vez”, conta. O Galo no Peru vai às ruas no dia 16 de março, com um estandarte fabricado em Pernambuco, conforme manda a tradição.
Tradição, aliás, que chegou a mais de dez Estados brasileiros. Em Maceió, o Pinto da Madrugada, inspirado no bloco pernambucano, arrasta multidões há 20 anos. A expectativa é reunir 250 mil pessoas pelas ruas da capital alagoana na edição deste ano. “Os fundadores são todos alagoanos que brincavam no Galo da Madrugada. Nos inspiramos no Galo para resgatar o frevo no nosso Estado”, conta um dos diretores do Pinto, Hermann Braga, 38.
SUL
A 3,7 mil quilômetros do Recife, 30 mil pessoas são esperadas para curtir o Galo do Porto, segundo maior bloco de rua de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Fundado por um grupo de oito pernambucanos que vivem na cidade gaúcha, o bloco foi às ruas pela primeira vez em 2010. “Fui criado no bairro da Boa Vista, então o Galo sempre fez parte da minha vida. Para mim, ele é a expressão máxima do Carnaval pernambucano. O Galo do Porto foi a nossa maneira de valorizar a nossa cultura. Temos um boneco gigante do galo e um estandarte feito em Olinda. A receptividade é ótima”, conta o administrador Eduardo Baltar, 37.
"Sempre existem grupos de pernambucanos ou pessoas ligadas ao Galo que formam blocos no Brasil e no exterior. Chamamos de blocos irmãos. Com alguns temos mais contato, outros menos. Trocamos experiências e chegamos a homenageá-los ano passado, nos 40 anos do Galo, com uma alegoria. É um resultado alcançado que estava totalmente fora do que ia conseguir quando saiu pela primeira vez às ruas, em clima de brincadeira”, conta Rômulo Menezes, presidente do Galo da Madrugada.