Atualizada às 14h42
A população do Grande Recife que depende de ônibus está sofrendo na manhã desta segunda-feira (25). Por conta da paralisação total de motoristas e cobradores, desde as 4h, muita gente aguarda nas paradas na esperança de que algum coletivo passe. Desde cedo a reportagem do Jornal do Commercio está nas ruas. O cenário é parecido com o da semana passada, quando os rodoviários realizaram uma paralisação de advertência. A diferença é que a paralisação desta segunda-feira foi avisada à população, diferentemente do que aconteceu na última sexta-feira (22). Os rodoviários garantem que a paralisação vai durar até 8h. Às 8h35 os primeiros coletivos começaram a circular e a entrar nos terminais integrados.
Leia Também
Os motoristas e cobradores da Metropolitana, que atendem a Zona Oeste do Recife é uma das maiores do Estado, afirmaram que não vão deixar a garagem da empresa, localizada em Areias, também na zona oeste. Até as 9h, os coletivos da empresa continuavam guardados na garagem.
Por conta da paralisação dos ônibus, o Metrô do Recife reforçou o número de trens nos horários de pico. Eles foram estendidos em uma hora (das 5h às 10h e das 17h às 21h). Segundo a assessoria de imprensa do Metrorec, isso representa 20 viagens a mais, tanto pela manhã quanto à tarde.
Sem ônibus, os terminais integrados estão completamente vazios. A grande maioria encontra-se fechado, como o Pelópidas Silveira, em Paulista, e PE-15, em Olinda. O de Xambá, em Olinda, está aberto, mas como não há coletivos, estão completamente vazios. A Polícia Militar reforçou a segurança no no local, mas não houve confusão. Por volta das 8h, a população, revoltada, fechou com pedaços de madeira e pneus a Avenida Presidente Kennedy, que leva ao Terminal de Xambá.
Muita gente tem tentado se virar como pode. Algumas pessoas recorrem aos mototáxis. Também há algumas vans e carros de empresas passando nas paradas para pegar funcionários e levá-los ao trabalho.
Mesmo sabendo que não teria coletivo para ir ao trabalho, a auxiliar de lavanderia Rosemere Santos, 43 anos, saiu de casa às 4h30, em Brasília Teimosa, Zona Sul da capital, para pegar um coletivo e ir ao hospital onde trabalha, no Centro do Recife. Como não passava ônibus, foi andando até a Avenida Antônio de Góes, no Pina. Mas também não conseguiu transporte. "Liguei para o trabalho e meu chefe vai mandar uma ambulância do hospital para vir me buscar aqui", disse ela.
A internauta Claudinha Renata usou o Facebook do Jornal do Commercio (facebook.com/JCJornaldoCommercio) para reclamar da falta dos coletivos. "Lugar algum de Piedade à Boa Vista tem ônibus. Estação Central com as portas fechadas na saída em direção às paradas de ônibus e filas enormes dentro da estação. A solução pra quem dá, é ir andando", disse ela.
Quem também reclamou foi a internauta Amandinha Vinícius. "Sacanagem, começo de aula hoje para curso superior do governo, aqueles que não conseguirem chegar não poderão confirmar sua matrícula!!"
A paralisação desta segunda foi acordada durante assembleia dos rodoviários na tarde de domingo (24), na sede do sindicato da categoria, em Santo Amaro, área central do Recife. Desta vez, motoristas, cobradores e fiscais decidiram avisar a população sobre a paralisação, fato que não ocorreu na sexta passada e acabou revoltando quem necessita de transporte coletivo.
Além da decisão de não retirar os veículos das garagens das empresas rodoviárias até as 8h, os trabalhadores acordaram em realizar uma passeata a partir das 16h desta segunda (25). A concentração está marcada para acontecer na Praça Oswaldo Cruz, na Boa Vista. Em seguida, os motoristas seguem caminhando até a Praça da Independência, onde finalizam a manifestação do dia. Os sidicalistas acrescentaram que este segundo protesto será composto pelos profissionais que não estiverem cumprindo expediente de trabalho.
MOTIVO DA PARALISAÇÃO - A categoria está realizando paralisações por não aceitar a retirada dos 10% de reajuste que tinha conquistado no final do mês de julho. As empresas de ônibus entraram na justiça alegando que não tinham como pagar os 10% e o reajuste acabou caindo para 6%. O mesmo aconteceu com os tíquetes-alimentação. A justiça tinha dado um aumento de 75%, mas a liminar conseguida pelas empresas derruba esse valor. Com isso, o valor cai de R$ 300 para R$ 180.