O Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) está investigando a participação de uma adolescente de 15 anos no desafio da Baleia Azul em Olinda, no Grande Recife. A menina, que estava com vários cortes no braço, incluindo um com o desenho de uma baleia, já teria marcado a data de seu suicídio e só saiu do jogo após pedidos das amigas.
"Eu saí por conta própria quando as minhas amigas pediram para eu sair", afirmou a garota, dizendo ainda que está arrependida de ter feito parte do desafio.
O Conselho Tutelar da cidade tomou conhecimento da situação através de uma denúncia. "É um caso que vem acontecendo há aproximadamente três meses, foi descoberto primeiramente pela denúncia. Se a gente não tivesse feito a averiguação da denúncia para ir até a escola, poderia ter acontecido o pior", explica o conselheiro Kiko Guedes à Rádio Jornal.
Agora, segundo o conselheiro, a adolescente vai ter acompanhamento psicológico. "Vamos fazer todo o acompanhamento para ajudar ela a superar esse trauma que ela está passando, chegando ao ponto de se cortar. Vamos chamar a família para poder entender o contexto familiar e ajudar na medida do possível", afirma.
A delegada Camila Figueiredo ressalta a importância de acompanhar a rotina dos filhos para evitar ocorrências do tipo. "Conversei com a menina, ela é retraída, até porque as vítimas desse tipo de jogo são crianças e adolescentes retraídos. Tem que ter uma atenção maior com os filhos, ver o que eles estão fazendo na internet e se tornar um pai amigo, não deixar de ter autoridade, mas ser amigo do filho."
No jogo, adolescentes são convocados para grupos fechados no Facebook e no WhatsApp, e devem cumprir 50 desafios pré-estabelecidos por curadores, que são pessoas que comandam o jogo. Entre as tarefas, estão mutilar os braços com facas, assistir a filmes de terror na madrugada e, na tarefa final, cometer suicídio. Iniciado na Rússia entre 2015 e 2016, o "jogo da Baleia Azul" (Blue Whale) está supostamente ligado a uma série de suicídios em todo o mundo. Isso porque ele busca causar danos emocionais aos participantes.
Educadores da rede de escolas de informática Microcamp, de São Paulo, elaboraram uma cartilha na qual são traçados dez sinais de alerta.
1. Prestar atenção se o jovem sabe do que e trata o jogo e seus perigos. Converse sobre o assunto. Na adolescência é comum que os pais sejam excluídos da vida social de seus filhos, entretanto, segundo Helder Hidalgo, coordenador de cursos e psicólogo, é fundamental ter um diálogo dentro de casa, entender qual é a necessidade do jovem no momento.
2. Ficar atento ao comportamento dos jovens, prestando atenção se há alguma mudança significativa.
3. Atenção nas atividades dos jovens na internet. Procure saber o que o jovem está acessando, o que está jogando, com quem, se aceitou convites de desconhecidos.
4. Verificar se o jovem usa manga comprida mesmo em dia quente.
5. Verificar se há marcas pelo corpo.
6. Atentar para o rendimento escolar.
7. Perceber se há isolamento e sinais de tristeza.
8. Notar se há agressividade.
9. Atentar para os temas das conversas dos jovens.
10. Se notar alguma alteração, professores e pais devem conversar com o jovem e procurar ajuda profissional.