Um incidente evidenciou a insegurança com que vivem os usuários da estação de metrô Joana Bezerra, no Centro do Recife. A atendente de lanchonete Ísia Valéria Rodrigues dos Santos, 47 anos, foi baleada na plataforma Jaboatão/Camaragibe, por volta das 21h35 da última terça-feira (15), quando ia embarcar no trem que a levaria para sua casa, no Curado IV, na Zona Oeste da capital. Ela foi levada para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, onde até ontem permaneceu internada em estado clínico estável.
De acordo com o gerente de Policiamento Ferroviário da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) Recife, Augusto Lima, as câmeras identificaram um desentendimento entre um grupo de seis pessoas. “Algumas desceram a via (ferroviária) e aí houve uma troca de tiros. Na confusão, a vítima foi atingida. Ela estava sentada e levantou-se, no momento do disparo”, contou. “Ela não aparentava estar envolvida na briga, ia pegar o trem, que tinha chegado”, frisou.
Depois de ferida, segundo o representante da CBTU, a vítima recebeu primeiros socorros da Polícia Militar (PM) que estava no local. A Polícia Ferroviária e o Corpo de Bombeiros também estiveram presentes. “Acionamos o SAMU que fez a condução da mulher para o hospital”, disse.
Augusto Lima afirmou que ainda não se sabe o motivo do conflito. O gerente comentou que um dos suspeitos vestia a camisa de uma torcida organizada do Recife. “Pode ter sido briga de ambulantes, pode ter sido um monte de situação que a gente não sabe ainda”, falou. As imagens foram repassadas para a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), que investiga o caso. A corporação comunicou que a apuração inicial aponta para tentativa de homicídio por bala perdida, mas aguarda o fim do inquérito para esclarecer o crime.
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Medo
Sobre a violência no sistema de metrô, Lima ponderou que a demanda de pessoas circulando é muito grande. “Nós temos diariamente 420 mil pessoas circulando pelo metrô do Recife. E temos um quadro de policiamento ferroviário e de vigilante reduzido. Estamos pedindo para que o governo federal libere concurso público e a gente também aumente a quantidade de vigilantes prestando serviço aqui na CBTU”, cobrou.
A Estação Joana Bezerra recebe um fluxo de 45 mil usuários por dia. Não é difícil perceber o sentimento de medo entre eles. “Segurança não existe. Eu vivi na Estância, e o metrô do Recife, no começo, na década de 80, era ótimo, um exemplo de limpeza. Depois foi sendo sucateado, e hoje está para vender a preço de banana, e a gente é visto como um nada”, falou a aposentada Arlene Gomes, 64 anos, em referência à concessão do sistema metroviário à iniciativa privada.
Quando o estudante Juan Pablo Brandão, 17, soube da notícia, ficou chocado. “Foi a uma ou duas horas de diferença do horário que eu pego o metrô aqui na Joana Bezerra. Então podia ser eu no lugar dela. A violência é grande aqui”, revelou o garoto, que usa o serviço todo dia para ir à escola.