LAMENTO

'Ela não merecia isso', diz mãe no enterro de criança vítima de bala perdida no Cabo

A menina Ellen Vitória, 10 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida em área dominada pelo tráfico na cidade

JC Online
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Publicado em 27/01/2020 às 20:32
Foto: Edilson Alves/JC Imagem
A menina Ellen Vitória, 10 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida em área dominada pelo tráfico na cidade - FOTO: Foto: Edilson Alves/JC Imagem
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Sob pedidos de justiça, a menina Ellen Vitória Ferreira Silva, 10 anos, foi enterrada no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, nesta segunda-feira (27).  A criança foi vítima de bala perdida no dia anterior, na porta da casa da tia, na Charnequinha.

“Ela não merecia isso, era uma criança. Não tenho condição de ficar assim (sem ela)”, falou a mãe de Ellen, Cicera Ferreira da Silva, amparada por familiares.

O corpo foi velado em uma funerária no Centro da cidade. De lá, parentes e familiares saíram em cortejo para o Cemitério São José, onde ocorreu o sepultamento. Logo atrás do caixão, colegas de escola da menina levavam uma faixa pedindo justiça.

Vítima de bala perdida em área dominada pelo tráfico no Cabo

Ellen foi atingida na testa por um disparo. Ela morreu no local. A prima da menina, que preferiu não se identificar, contou que, ao ouvir os tiros, todos que estavam na rua começaram a correr. Ela contou que Ellen chegou a se proteger dos disparos, mas acabou sendo atingida.

A Rua da Linha, onde ocorreu o crime, é dominada pelo tráfico de drogas, segundo a polícia. De acordo com moradores, desde a sexta-feira (24), foram vários tiroteios no entorno. Há marcas de balas nas janelas das casas, paredes e muros. Por proteção e segurança, as pessoas que vivem na rua preferiram não falar sobre a situação.

'Foi pura maldade', diz vizinha de menina morta no Cabo

“Eu a vi nascer. Era inocente e teve a vida interrompida. Eu sinto muito por ela. Ninguém imaginava isso. Era uma menina alegre e cheia de vida, com um futuro pela frente. Atiram, e a gente não pode fazer nada”, relatou uma vizinha da família de Ellen, que também pediu para não ser identificada. “Foi pura maldade. Muita gente já está querendo sair daqui (do bairro). Muitos até já foram. Com uma guerra dessa, né? A gente vai morrer como a menina? Quando ouvi os tiros, estava na cozinha e quis nem sair de casa. Soube que ela tinha sido atingida e fiquei surpresa”, acrescentou a vizinha.

Investigação

O perito criminal Diego Nunes, do Grupo Especializado de Perícias em Homicídios (GEPH), informou que a menina foi encontrada com disparo na altura da testa. “A aproximadamente 30 metros do corpo da vítima, na esquina, havia muitos estojos de diferentes calibres, indicando a ocorrência de um tiroteio na área. Mais distante ainda, entre 30 e 50 metros (de onde a menina foi morta), foram encontrados outros estojos”, contou Diego. Ele ainda informou que existem marcas que sinalizam tiros na parede da casa (onde a vítima morava). “Isso indica de onde vieram os disparos, que foram à longa distância. O que se sabe é que se tratou de uma guerra de tráfico (de drogas). Essas informações, segundo complementou Diego, serão melhor apuradas. As investigações foram iniciadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

 

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