O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) disse em nota publicada em uma rede social neste sábado (2) que a permanência do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, é insustentável. O motivo, de acordo com o texto, é a "sucessão de 'trapalhadas'" na condução e divulgação do caso da morte do empresário Paulo César Morato, foragido da Operação Turbulência, da Polícia Federal.
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Desde o dia em que o corpo foi encontrado no motel Tititi, em 22 de junho, houve desencontros de comunicação e vazamento de informações na SDS. O Sinpol questiona o fato de Carvalho estar de férias durante a investigação e não ter se pronunciado sobre o caso: "Parece ter entregado seus colegas à própria sorte, deixando a SDS e consequentemente a segurança do povo à deriva".
O texto ainda defende a competência da categoria, citando casos como a Operação Ponto Final, que prendeu dez vereadores de Caruaru, e a prisão do prefeito de Catende Otacílio Alves Cordeiro. "Os policiais civis são plenamente capazes de conduzir qualquer investigação com excelência, tal qual a Policia Federal. Contudo, esbarramos na falta de autonomia administrativa, nas ingerências políticas e na falta de condições mínimas de trabalho", diz a nota.
O JC Online entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Defesa Social, que preferiu não comentar o texto do sindicato.
OPERAÇÃO TURBULÊNCIA - O empresário Paulo César Morato foi acusado na Operação Turbulência, da Polícia Fderal, como proprietário de uma empresa fantasma de locação e terraplanagem chamada Câmara & Vasconcelos. A investigação apurou que o esquema do qual Morato fazia parte movimentou cerca de R$ 600 milhões e pode ter irrigado campanhas eletorais do ex-governador Eduardo Campos (PSB).
Na manhã deste sábado (2), delegada e peritos voltaram ao local da morte do empresário para fazer um levantamento topográfico para elaborar um desenho esquemático, que servirá para analisar as entradas e saídas do motel, além das áreas cobertas pelas câmeras de segurança.
Veja o texto na íntegra:
"CÚPULA DA SDS COMPROMETE CASO MORATO E A IMAGEM DA POLÍCIA CIVIL
A partir das denúncias sobre ingerências na atuação da Polícia Civil de Pernambuco no caso P.C. Morato, uma sucessão de “trapalhadas” aconteceu na condução e divulgação do caso. No dia seguinte a ocorrência, o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (SINPOL-PE) recebeu a denúncia de que a equipe de Peritos designada para dar continuidade a perícia papiloscópica, iniciada na noite anterior, foi impedida de realiza-la.
Desde então, sem sucesso, a Secretaria de Defesa Social (SDS) tenta explicar o inexplicável. Por que o procedimento padrão, aplicado diariamente, não foi rigorosamente cumprido? Com a notícia de que a causa da morte foi por envenenamento, a perícia papiloscópica poderia ter sido determinante para a resolução do caso. Contudo, não foi completada.
Em meio a essa crise sem precedentes na SDS e no Governo do Estado, a segurança pública parece ter sido abandonada, já que o atual Secretário da pasta, Alessandro Carvalho, fez a opção de entrar em férias justamente na ebulição desse colapso. Claramente a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco está sem gestão. Servidores são pressionados, gestores “batem cabeça” e se contradizem constantemente, e sobre esses fatos, nenhuma palavra do Secretário. Parece ter entregado seus colegas à própria sorte, deixando a SDS, e consequentemente a segurança do povo, à deriva. Diante do momento de desgoverno pelo qual passa a Secretaria de Defesa Social, realidade que interferiu diretamente nos rumos da investigação do caso P.C. Morato, a imagem da Polícia Civil de Pernambuco esta sendo arranhada. Por isso temos denunciado e continuaremos denunciando qualquer tipo de ingerência que venha fragilizar a atuação da Polícia que investiga os crimes.
Os Policiais Civis são plenamente capazes de conduzir qualquer investigação com excelência, tal qual a Policia Federal. Contudo, esbarramos na falta de autonomia administrativa, nas ingerências políticas e na falta de condições mínimas de trabalho. Em casos que tivemos autonomia investigativa, obtivemos grandes resultados, como nas prisões de 10 (dez) Vereadores de Caruaru e a do então prefeito de Catende, por exemplo. Todos investigados e presos por corrupção, pela Polícia Civil de Pernambuco.
Para nós do SINPOL fica insustentável, diante de todos esses fatos, a permanência de Alessandro Carvalho à frente da Secretária de Defesa Social de Pernambuco. “Estamos lutando por uma polícia que não investigue apenas ladrões de galinhas, mas também investigue e prenda os ‘capas pretas’, responsáveis pela corrupção, que é o maior mal que nosso estado e o nosso país têm enfrentado. Ela precariza os serviços públicos e desvaloriza seus servidores”, explica o Presidente do SINPOL, Áureo Cisneiros."