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JC - Há um mês, o senhor nos informou sobre o aumento incomum no número de casos de microcefalia no Estado. Nesse período, como avalia a investigação?
CARLOS BRITO – Pernambuco se diferenciou pela capacidade de resposta em fazer associações em curto espaço de tempo. No dia 19 de outubro, neuropediatras nos relataram o avanço da microcefalia e, em uma semana, já tínhamos traçado o perfil das mães e crianças, com destaque para o relato de exantema (manchas vermelhas na pele) no primeiro trimestre da gravidez, que correspondia com o surto de zika no Estado. Em pouco tempo, estávamos com informação suficiente para embasar o Ministério da Saúde a notificar a Organização Mundial de Saúde.
JC – O Estado ainda não notifica zika. Como o senhor observa a ocorrência da doença no Estado?
CARLO BRITO – Com base em estudo hospitalar que realizamos nos cinco primeiros meses do ano, acredito que 100 mil pessoas devem ter desenvolvido zika em Pernambuco. É bom frisar que não é frequente a maioria desse universo apresentar complicações neurológicas nem mesmo microcefalia. A questão é que essas condições geram gravidade e preocupações sem precedentes.
JC – Fala-se que zika seria mais branda do que dengue. Isso procede?
CARLOS BRITO – Essa ideia tem nos decepcionado bastante. São doenças com aspectos de gravidade diferentes. Dengue pode complicar com manifestações hemorrágicas que podem levar à morte. No caso da zika, há as complicações neurológicas e a ligação com a microcefalia. O Ministério da Saúde já afirmou que é altamente provável que exista a relação entre microcefalia e zika. Para mim, é inevitável fazer essa associação.